Leio e releio a Agenda do Futuro onde o Diogo Vasconcelos enunciou as suas sete popostas para a mudança em matéria de Inovação Social e não me canso de admirar o seu olhar visionário sobre o mundo, bem como a sua capacidade de antecipar as narrativas do futuro. Éramos amigos e conversamos longa e brevemente sobre muitos temas. Hoje lembro-o e tenho-o muito presente por razões muito especiais. Faz-nos muita falta a todos, o Diogo.
Começo pela grande notícia do dia, para mim e para toda a equipa da Take It Easy com quem trabalhei nos últimos seis meses: já temos data de emissão para o programa Feitos em Portugal. A série estreia no dia 17 de Março, na RTP 2, e vai passar sempre aos sábados, às 19:30. Estou muito contente e gosto particularmente do dia e da hora, pois os fins-de-semana são os melhores dias de audiências da RTP2 e o horário não podia ser melhor, porque permite ver a seguir o Telejornal, seja em que canal for, e liberta as pessoas para os seus programas de sábado à noite, dentro ou fora de casa. Grande pinta. Estou radiante. Ainda por cima hoje em dia os programas ficam online imediatamente a seguir à emissão, e isso permite a cada um gerir a sua vida e as suas prioridades sem perder as séries e programas de TV. Apesar desta nova alegria de hoje, não posso deixar de voltar a ontem, para referir o momento do lançamento do livro Entre Gerações, e agradecer mais uma vez à Fundaçao Calouste Gulbenkian o desafio e a confiança que depositaram em mim para acompanhar estes 7 projectos intergeracionais. Também agradeço ao Mário Crespo a excepção que ele abriu na sua vida para apresentar um livro e, acima de tudo, a forma como o fez. Muito interessante o seu olhar sobre esta matéria, e muito actuais todos os pontos que sublinhou, com imensa liberdade e verdade. Põs o dedo em muitas feridas e falou de um livro que também é um livro político, um manifesto social, e as suas palavras ficaram a fazer eco em nós. E agradeço, muito comovida e de coração muito grato, ainda a transbordar de emoção, a presença de todas e cada uma das pessoas que encheram dois auditórios. Grande pinta, insisto! Obrigada a todos e parabéns à Isabel Pinto, fotógrafa, às equipas dos projectos, aos designers gráficos e, em especial, à equipa coordenadora do Programa Gulbenkian de Desenvolvimento Humano. Rui Vilar, o presidente do Conselho de Adminsitração da Fundação, foi muito eloquente e muito incisivo na sua apresentação, e a presença de Artur Santos Silva, o seu sucessor, bem como do Ministro Pedro Mota Soares, da Drª Isabel Mota e da Engenheira Luisa Valle encheram-nos a todos de confiança e de certezas em relação ao valor humano, político, social e cívico deste tipo de iniciativas. Mesmo correndo o risco de me repetir, todos nunca seremos demais para nos juntarmos por boas causas!
Este conjunto de retratos vai poder ser visto mais à frente num lugar espectacular da cidade de Lisboa. Mais de 130 pessoas a rir e a sorrir, anónimas e conhecidas, vão ser o statement positivo do projecto Inside Out em Portugal. Já todos ouvimos falar de JR, o fotógrafo que cola fotografias em tamanho poster em vilas e cidades de todo o mundo, a quem outros fotógrafos se vão associando. Em Portugal os retratos foram feitos pela Isabel Pinto e já podem ser vistos no site Inside Out, que aconselho vivamente pois é altamente contagiante. Todos os dias há pessoas a colar fotografias nas ruas do mundo inteiro. Impressionante!
O Braima, a Jessica e a outra Jessica, a Rita, o Daniel e a Daniela, estavam todos no Tasse à hora em que fui visitar este e outros projectos criados pelas Irmãs Escravas no Bairro da Fonte da Prata, na margem sul, ali para os lados de Alhos Vedros. Pedi ao grupo que estava entretido com os computadores se podia tirar uma fotografia e eles largaram imediatamente tudo o que estavam a fazer com estes sorrisos. Muito queridos.
O Tasse é uma iniciativa prodigiosa que contribui para o desenvolvimento escolar, humano e cívico de crianças e adolescentes de várias idades. A pedagogia usada neste centro também aposta em jogos, desafios e dilemas que ensinam a pensar, treinam o raciocínio e a memória, e levantam as grandes questões filosófico-existenciais que abrem novas perspectivas e fazem estes jovens ficar mais conscientes. Frequentar o Tasse ajuda a aprender matérias, mas também a cultivar novas atitudes, mais construtivas.
A Daniela quis saber de que tratava o meu blog e como deu com o filme e a história do Nick Vujicic, ficou presa ao testemunho dele, à sua alegria e energia. Aqui e ali dava gargalhadas ou fazia exclamações eloquentes do seu fascínio imediato por alguém capaz de fazer tudo, sem desistir de nada. Ainda bem que era esse o post anterior, pois eles ficaram todos interessados na vida do Nick e os monitores do Tasse combinaram debater com eles algumas questões.
Nesta imagem o Paulinho e a Irmã Rita Cortês arrumam o jogo do Tasse, depois de me explicarem as regras e mostrarem as cartas que cada um recebe e às quais tem que dar respostas, em função de pontuações e evoluções. Muito bom. Este jogo já é usado em várias escolas e tanto quanto percebi, devia ser registado e comercializado para todas as escolas do país, pois é um motor transformador em muitos sentidos.
O Paulinho é uma presença diária no Tasse, sempre muito querido e disponível para ajudar. Quando era mais novo esteve em coma durante algum tempo, mas ao contrário do que se esperava recuperou tudo menos a fala e hoje em dia vive uma vida muito cheia e sempre ao serviço dos outros. O facto de não falar não atrapalha nada o Paulo, pois ele tecla à velocidade da luz e conversa connosco através do ecran do telemóvel. Nunca tinha visto ninguém escrever tão rápido e sem olhar para as teclas. Espectacular! Na segunda-feira volto ao Tasse e ao Bairro da Fonte da Prata, mas depois explico porquê.
Tolentino de Mendonça, padre e poeta (entre muitas outras actividades em que deixa a sua marca, como os Estudos Bíblicos e as traduções dos padres do Deserto, para dar apenas dois exemplos) foi nomeado pelo Papa como consultor do Conselho Pontifício da Cultura. Deixo-lhe aqui os meus sinceros parabéns e um abraço intercontinental, uma vez que hoje em dia se divide entre Lisboa, NY e Roma. O nome do pe Tolentino de Mendonça, director do Secretariado Nacional da Pastoral da Cultura e professor da Faculdade de Teologia da Universidade Católica de Lisboa, foi apresentado pelo presidente do Conselho Pontifício da Cultura, o cardeal Gianfranco Ravasi. Grande pinta, esta nomeação. Mais que merecida, aliás, pois o pe Tolentino tem sido um grande construtor de pontes. Um verdadeiro pontífice.
Importei esta fotografia deste blog e já agora deixo aqui um copy paste das notícias sobre esta nomeação: Tolentino de Mendonça é um dos dez conselheiros de uma lista que inclui outros três padres professores universitários do Benim, Itália e Espanha, adianta a Rádio Vaticano. Seis leigos foram nomeados: o arquitecto espanhol, Santiago Calatrava; um professor de Filosofia, da Catalunha; um italiano especialista de Ciências Espaciais; Joachim Singer, cientista alemão, director do Instituto Max Planck; um professor de Física nos Estados Unidos; e ainda uma crítica de arte, responsável da Colecção de Arte Contemporânea dos Museus do Vaticano; e uma belga, directora de um Instituto para o Diálogo e Dinâmicas Interculturais, de Bruxelas.
O Santo Padre nomeou também oito membros do mesmo Conselho Pontifício da Cultura: os cardeais arcebispos de Kinshasa e de Washington; o presidente do Conselho para a Nova Evangelização, Salvatore Fisichella; outros dois bispos, o maestro, músico e compositor, natural da Estónia, Arvo Pärt, e o filósofo francês Luc Marion, professor da Sorbonne. Esta é a segunda nomeação de um português para aquele dicastério, recentemente. Em Novembro, o bispo auxiliar de Lisboa, Carlos Azevedo assumiu funções de delegado Conselho Pontifício da Cultura, na área dos bens culturais da Igreja.
Uso este pôr-do-sol sobre um horizonte líquido por ser uma imagem próxima da que está na capa do livro publicado há dois anos pela Isabel Barata e pelo Manuel Matos. Unidos no Amor, Contra a Indiferença é o título do testemunho poderoso e transformador do amor que a Isa e o Manuel viveram. Falo no passado, mas devia falar no presente pois o amor não termina com a morte, muito pelo contrário. O Manuel permanece muito vivo no coração da Isabel e no daqueles que o amaram e foram amados por ele. E é também para celebrar este grande amor que amanhã nos juntamos à volta da Isa na Casa do Concelho de Tondela, pelas 15h, (Av. Miguel Torga, lote 21-a Lj, em Campolide, telef 213 830 599) para uma apresentação do livro, no seu segundo aniversário. Conheci a Isa Barata no Curso de Comunicação da LeYa e como desta turma de alunos saiu um grande grupo de amigos, amanhã lá estaremos a dar-lhe apoio. Quem quiser juntar-se a nós é muito bem vindo e quem quiser contactar a Isa Barata ou comprar este livro, pode usar o seu mail: isabarata36@hotmail.com.
Num tempo de ir pela estrada fora a ouvir testemunhos de pessoas extraordinariamente inspiradoras, dou comigo a aproveitar todas as pausas para focar no tema das capacidades e da verdadeira felicidade. A propósito destes dois temas, deixo aqui a partilha que o Bento Amaral fez no TEDx do Porto em Março deste ano. Tal como as palavras proferidas pelos Cinco nesta Aventura pelo país real, também as palavras do Bento ficam a fazer eco. Gosto muito de fechar o ciclo dos meus 40s entre pessoas como o Salvador, a Filomena, a Filipa e os dois Carlos, mais a equipa de apoio da Associação Salvador. E gosto de trazer para aqui o Bento e fazê-lo presente num tempo tão especial, por tantas razões. Hoje acordo em Castelo Branco mas adormeço em Lisboa e despeço-me da minha equipa já cheia de saudades. Vou embora com muita pena de os deixar, mas vou por boas razões.
Estivemos em Beja até ao entardecer. Inaugurámos o ciclo de palestras no grande auditório do Instituto Politécnico de Beja, perante uma plateia cheia de pessoas de todas as idades e muitos estudantes, alguns deles a fazer formação na área da Terapia Ocupacional. Foi uma grande estreia para os Cinco.
Dentro e fora do autocarro o clima é de alegria e cumplicidade. É impressionante ver como este grupo (que nunca foi um grupo no sentido em que nunca se tinha juntado para uma acção desta natureza!) funciona bem e parece estar em absoluta sintonia. Todos muito easy going, sempre a transformar as adversidades em oportunidades. O Carlos Nogueira, que teve uma poliomielite em bebé e não pôde ser tratado porque vivia em África e, na altura, houve ruptura nos stocks de medicamentos, nunca se queixa nem perde a tranquilidade. Ele é o que faz surf adaptado com o filho mais velho e o que tem um humor sempre inteligente. A sua presença é uma benção.
A Filomena Franco é outra luz neste dream team: irradia força de músculos e fortaleza de caracter. Está qualificada para os Paralímpicos de remo em Londres, mas subtraiu uma semana aos treinos intensivos para poder estar com todos nesta aventura. Aprendo com ela todos os dias. Adoro a sua verdade, a sua integridade, a maneira simples como fala de temas tão sensíveis e delicados como a recente morte do pai e da mãe (os seus grandes pilares!) e a leveza que acrescenta às nossas vidas. Ao seu lado estamos sempre contentes e seguros.
Montar e desmontar as cadeiras de rodas manuais, depois de todos se transferirem para os seus lugares no autocarro, é a tarefa invisível de quem nos ajuda nesta semana. Falo do senhor António Roque, o motorista que aparece na fotografia em que o Carlos usa o elevador da carrinha, e falo do Éder, o enfermeiro do Salvador. São dois seres humanos exemplares, de uma dedicação extrema e uma disponibilidade sem limites. Simpáticos, empáticos, estão sempre atentos e não deixam escapar nada. Eles mais a Patrícia e a Sofia, o núcleo duro da Associação Salvador, têm tudo previsto e controlado até ao mais ínfimo detalhe. Grande pinta de profissionais!
A Filipa Bento, ao centro, de casaco encarnado, tem ar de miúda mas é uma grande mulher. Nasceu com paralisia cerebral, mas fala e pensa melhor do que muitos de nós. Atirou-se sozinha para um curso de Economia na Universidade de Coimbra, onde a única adptação a deficientes se resumia ao elevador da faculdade, morou numa residência para estudantes onde a sua cadeira de rodas não chegava a todos os lados, mas não se atrapalhou e improvisou uma cadeira de rodas para circular dentro do seu quarto. Comprou uma cadeira de escritório com rodinhas e, com mais ou menos dificuldades, venceu todas as barreiras arquitectónicas. A sua personalidade e a sua abertura à novidade marcam-nos muito. É, além disso, de uma grande delicadeza e generosidade. Tem sempre tempo para todos.
Carlos Lourenço, o bricoleur, o artesão que faz bijuterias apenas com a mão esquerda, é a estrela deste roadshow. Onde quer que esteja, brilha, e o seu sorriso mais a sua arte prendem e fascinam multidões. É espantoso ver como um homem que tem apenas a cabeça e o braço esquerdo 100% funcionais, não se atrapalha com nada. Descasca a sua própria fruta, corta e molda sozinho os brincos, colares e acessórios que cria com a sua bateria de alicates e deslumbra plateias com as suas graças e a maneira divertida como fala da sua vida de marido e pai de 4 filhos, a quem sempre mudou as fraldas e de quem cuidou desde que eram bebés. O Carlos faz-nos rir a toda a hora, e sem ele este grupo não era a mesma coisa!
Enquanto o Carlos mostra como trabalha apenas com a mão esquerda e exemplifica como corta e cria uma variedade incrível de adereços, o resto do grupo descansa um pouco espera que a multidão disperse para arrumar tudo e voltar ao autocarro. O dia em Beja está quase terminado e todos descontraem antes de sairem do auditório do Instituto Politécnico. O Éder, de quem falei umas linhas atrás, é o que está de pé, claro.
Quando saímos do Instituto a lua já ia alta no céu e o quarto crescente estava uma beleza. Não consigo mostrar a força desta lua com as minhas polaroids, mas acreditem que estava uma lua mágica, acesa, intensa.
Entrar ao autocarro no fim do dia começa a ser um ritual. Entre cada cidade temos mais de duas horas de caminho, e como são precisos muitos cuidados e muito tempo para que todos fiquem bem sentados e as coisas ordenadas, acabamos por gastar cerca de uma hora desde que decidimos ir embora até partirmos para a estrada.
O Salvador está há 3 meses com uma escara terrível, que tem demorado a cicatrizar, e como não pode correr o risco de rasgar esta ferida tem que viajar deitado. Por imperiosa necessidade de recuperação e de acordo com o médico só pode estar sentado 3h por dia no máximo. Acontece que estas palestras e a sua preparação têm exigido demais dele e embora não se queixe (em anos e anos de amizade e conhecimento mútuo foram muito raras as queixas que lhe ouvi), todos sabemos que mal acabam as palestras tem que voltar a deitar-se. É incrível como tantos de nós deixamos de fazer tanta coisa por estarmos mal dispostos, por termos uma dor de cabeça ou ... por não nos apetecer darmo-nos ao trabalho. O Salvador é uma grande lição para todos, mesmo para os companheiros deste caminho.
O ambiente nocturno do autocarro é muito aconchegado, e como estamos todos cansados (emoções a mais, também), acabamos por fazer grande parte dos percursos em silêncio, a descansar e a processar tudo o que aconteceu ao longo do dia. Isto, claro, quando os dois Carlos não estão no eterno despique das graças que têm realmente muita graça... E agora sou eu que me despeço e fico por aqui. Boa noite. Amanhã volto mais ou menos à mesma hora. Entretanto ficam a saber que a próxima conferência vai ser às 14:30 na Câmara Municipal de Portalegre.
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