Ouvi o pe Tolentino Mendonça dizer antes do Natal que devemos cultivar a memória do perdão e não a das ofensas, e esta evidência que parece tão simples, mas é tão complexa, continua a fazer eco.
Todos temos uma inclinação natural para ruminar pensamentos negativos, para alimentar ressentimentos e para voltar ao ponto da ofensa. Até somos capazes de perdoar, mas é-nos extraordinariamente difícil esquecer aquilo que nos ofendeu ou quem nos magoou. E é pena.
A proposta de Tolentino Mendonça para este Ano Novo é fazermos um esforço para cultivarmos mais a memória das coisas boas, dos momentos construtivos, das pessoas que nos são queridas, nos inspiram, acolhem ou ajudam, em vez de alimentarmos a memória dos que nos ofendem, do que nos dói, nos divide e nos afasta dos outros. Acho um excelente propósito e todos os esforços nunca serão demais para encontrarmos o que nos une em vez de nos determos naquilo que nos separa. Bom Ano! Obrigada aos mais de dois mil visitantes que por aqui passaram hoje. Grande pinta!
Como muitas destas pessoas vieram através do link publicado no "às nove no meu blog", agradeço especialmente a quem o assina e reencaminha para o meu.
A Sara Serpa, cantora de jazz que vive em NY mas esteve estes dias em Lisboa, mandou-me este vídeo da Nina Simone como 'presente' de Ano Novo e não resisto a partilhá-lo aqui com todos pela música, mas acima de tudo pela letra. Ouçam bem e prestem atenção à mensagem. Muito actual, muito forte e muito verdadeira. Sempre que achamos que nos falta tudo e não temos nada devíamos parar e ouvir esta canção de Nina Simone. Obrigada, Sara, pelo plus musical de alegria e confiança. Muito bom.
Adoro a luz de Lisboa e adoro os contrastes das cores e das sombras à luz do poente. Já muitas vezes escrevi que amo o entardecer e podia viver só a esta hora. Gosto da luz amarela do sol plasmada nas paredes das casas. Da minha casa, mas também das casas dos outros. Como esta, que é tão especial.
Nesta fase podemos olhar para estes dias de chuva, céu escuro e nuvens pesadas com desânimo e impaciência por uma Primavera que tarda a chegar ou, pelo contrário, com um sentido de gratidão por vivermos num país do sul da Europa que não foi afectado pela nuvem de cinzas vulcânicas e cujo céu permanece razoavelmente livre para voos, partidas e chegadas. Lisboa também tem a sua beleza nestes dias, e se pusermos os olhos e o coração ao alto vemos aquilo que nem sempre temos tempo para descobrir. Como a cúpula maior da Basílica da Estrela, por exemplo, mais a torre dos sinos que tocam pontualmente que quarto em quarto de hora. Debaixo deste céu e desta chuva que, afinal, nos protegem são uma imagem linda de Lisboa. Ou não?
O rio Tejo, depois de passados os ventos do mini tornado e já sem vestígios de turbulência. O mini tornado de Lisboa e o grande vulcão da Islândia ocuparam grande parte das conversas de ontem e hoje. Muitas pessoas ficaram em terra por não poderem viajar para aeroportos afectados pelas cinzas que se espalharam nos céus da Europa, mas por sorte nós chegámos bem a Lisboa e já estamos em countdown para voltar a partir. Desta vez para Barcelona, no próximo domingo ou na 2ª feira, o mais tardar. É bom este movimento todo mas, por outro lado, o tempo em casa voa e não rende para nada. Mas estou radiante e o projecto desta série de TV está a correr pelo melhor e, por isso, não me queixo. Muito pelo contrário, adoro!
Como não tenho carro, ando mais a pé pela cidade. Gosto muito, aliás. Dá para atravessar avenidas e jardins e ficar com outra perspectiva. Nunca imaginei ser feliz sem carro mas confesso que adoro esta liberdade. O mais curioso é que nem sequer tenho a tentação de voltar a comprar carro. Mota, sim. Acho que este Verão não resisto. Ontem passei pelo coreto do Jardim da Estrela, que acho lindo e está cheio de memórias da infância do meu filho e dos seus amigos (e dos filhos dos meus amigos) e ia a pensar numa frase antiga mas que tinha acabado de ler: "quem não vive como pensa, acaba por pensar como vive". Deixo-a aqui porque dá que pensar.
Caixas de morangos pousadas no passeio são uma imagem poderosa e muito tentadora para quem passa na rua. Ao virar da esquina estava este carro estacionado e não resisti a fotografá-lo. Pelo encarnado vivo, claro.
Li há tempos um artigo muito bem escrito sobre o fascínio que as luzes acesas dentro de uma casa exercem sobre quem passa na rua. Dizem que não há ninguém que seja imune ao calor das luzes amarelas que se acendem dentro das casas e não sabia isto porque nunca tinha pensado no assunto. E, muito menos, na perspectiva em que o dito artigo estava escrito. Parece que há uma certa nostalgia do fim do dia, em especial no Inverno e de uma forma particular nos países frios do Norte, que se faz sentir no momento em que as luzes de casa se acendem e se começam a ver da rua. Dei comigo a concordar interiormente com a teoria. Sempre gostei de ver luzes nas janelas das casas e muitas vezes imaginei as vidas dos que lá moram. A parte mais dura do artigo em questão tinha a ver com o efeito que estas mesmas luzes amarelas, quentes e convidativas, têm sobre os que vivem na rua ou não têm casas abrigadas. Aí a coisa é mesmo a doer e esta certeza passou a ficar também muito presente quando reparo em mim a olhar para janelas com luzes acesas.
Adoro rotinas familiares, gestos banais, coisas de casa, momentos de intimidade, conversas avulsas e os barulhos da rua quando as janelas estão abertas. Nos dias de sol o meu filho vai estudar para a varanda que, apesar de ser estreita, é muito comprida e acompanha toda a geometria da casa, ampliando o espaço de uma maneira original.
Também adoro visitas dos que são da casa, como a minha irmã. Trabalhámos juntas na XIS durante anos a fio, mas já antes tínhamos trabalhado no mesmo espaço no jornal Independente e, depois, no mesmo edifício quando eu estava na revista Pais & Filhos e ela no jornal Semanário. Confesso que tenho saudades de estar com ela num projecto comum e hoje disse-lhe isso. Ficámos as duas a pensar no assunto.
Nunca se sabe o que o futuro nos reserva e foi tão divertido para nós as duas criar a XIS e, depois, tão intenso escrevê-la e editá-la semana após semana, que apetece pensar em novas ideias. Espero que não passem muitos anos sem voltarmos a trabalhar juntas. Por enquanto tudo não passa de um sonho. Uma miragem, mesmo...
Esta é uma das fotografias da minha mãe de que mais gosto. Dizem que somos parecidas. Quem me dera que fosse verdade e quem me dera envelhecer assim!
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