Voltei há uma semana dos Picos da Europa, de uma viagem inesquecível e incrível. Eu e um grupo de 8 pessoas percorremos o Maciço Central a pé, com mochila às costas, atrás do Tiago Costa, da NOMAD que nos guiou pelos caminhos de pedras e cascalho até aos picos mais altos, em alturas impensáveis.
O Naranjo é um pico de referência mundial para escaladores e aventureiros de renome mundial. Só grandes escaladores atingem o topo. Se olharem com atenção vêm dois escaladores a subir, são dois pontinhos escuros mais ou menos a meio da encosta (que, na realidade, é uma parede vertical descomunal).
O Tiago Costa criou a NOMAD, uma agência de viagens com destinos, trilhos e horizontes espectaculares. Especialista em viagens diferentes, o Tiago é um grande escalador e um verdadeiro montanhista. Inspira imensa confiança e é graças a ele e à sua experiência que nos superamos ao longo dos caminhos.
Para mim, que morro de vertigens e nem sequer consigo olhar para o fundo dos desfiladeiros quando estou em trilhos estreitos, era impensável descer este abismo de pedras mais ou menos soltas. Felizmente o Tiago consegue encher-nos de coragem e forças e lá descemos tudo, com a ajuda de cabos de aço.
As paisagens e climas nos Picos são de uma variedade fascinante. Nesta cordilheira cantábrica, a norte de Santander, existe uma diversidade ecológica fabulosa e todos os trilhos e caminhos se percorrem entre montanhas e vales de uma beleza esmagadora. Por vezes é mesmo de cortar a respiração...
Caminhámos entre 7 a 9h por dia, sempre com as mochilas carregadas e com a ajuda de bastões. O caminho é muito pedregoso e irregular e isso provoca um cansaço extremo, mas é impressionante ver como cada um de nós foi capaz de se transcender dia após dia. A força de um era a força de todos.
As longas caminhadas com subidas custosas e descidas penosas não foram fáceis, mas valeu a pena termos sido capazes de atravessar os Picos pelos seus trilhos mais adversos para ficarmos a conhecer lugares e povoações maravilhosas como Bulnes, com cascatas, casas lindas e muito bem cuidadas.
Chegar ao fim do dia ao albergue ou aos refúgios onde passámos as noites era uma espécie de oásis num deserto de poeira, calhaus de todos os tamanhos e rochedos com muros verticais que tinham que ser contornados e quase escalados. À nossa espera havia sempre uma cerveja fresca e um colchão macio.
Graças à experiência e paixão do Tiago pelos Picos da Europa, ficámos todos os dias em lugares de maravilha. Nunca terei palavras para exprimir a beleza do amanhecer e do entardecer, a solenidade dos montes, a majestade das pedras e das enormes sombras que projectam, nem a exuberância dos bosques...
Caminhar acima das nuvens ou entre aldeias de granito com o som da água a correr entre as pedras às horas de calor, mas também com o vento quente da tarde e a brisa fresca da noite. é uma experiência que não se esquece. Limpa o olhar, lava a alma e renova o coração. Enche de forças, alegria e gratidão
Atravessar os Picos da Europa a pé é uma combinação permanente de deslumbramento e superação própria. Éramos 8 desconhecidos à partida, mas não foi preciso esperar pela chegada para perceber que eramos um grupo era coeso, sem divisões nem quebras. O espírito de entreajuda funcionou em pleno.
Os bosques e vales dos Picos da Europa são um imenso devaneio. Exuberantes, frescos, magníficos, têm uma diversidade admirável. Há quem conheça mais a parte verde dos Picos do que a parte de pedras e rochas, mas pelo que vimos é uma pena ver umas partes sem ficar a conhecer as outras.
Os nevoeiros e neblinas são um clássico eterno neste tipo de montanha e de clima. Esta cordilheira vive numa proximidade quase irreal do mar Cantábrico e nela coexistem bosques atlânticos e mediterrânicos. Ou seja, tudo isto é uma espécie de Paraíso. Pensar que tudo isto está mesmo aqui ao lado é genial.
No penúltimo dia desta viagem subimos a grandes alturas e contornámos obstáculos aparentemente incontornáveis. No fim tivemos a melhor das recompensas: o refúgio Collado Jermoso, num pico muito alto e isolado. Chegar e ver uma casa com galinhas à beira do precipício foi uma miragem.
Muito mais impressionante ainda do que as galinhas é a mesa onde elas treinam os seus pequenos voos. Colocada mesmo à beira do abismo, tem uma vista espectacular sobre as montanhas e o fundo dos desfiladeiros. Aqui omemos um dos melhores petiscos da minha vida: queijo, marmelada e nozes.
Estar à mesa, nesta mesa de cinema, foi um filme que durou até ao pôr-do-sol. Não há vertigens nem medos que se atravessem nestes momentos em que o cenário é avassalador. Quando o sol fica a pique no horizonte todos se calam e o céu, as nuvens e os picos dos Picos ficam um poema.
Voltámos para casa à luz de lanternas, guiados pelo Tiago, mas também pelas estrelas. Dentro do Refúgio Collado Jermoso esperava-nos um jantar-ceia composto de sopa e dois pratos, servidos com pão que os guardas do Refúgio vão buscar todas as semanas a uma vila que fica a mais de 2h de distância.
Muito acolhedor, este refúgio. Aliás, este e todos os outros onde fomos ficando. Comemos em mesas compridas e dormimos em camaratas com beliches de madeira em camas confortáveis, mas aquilo que pode parecer estranho para alguns, na verdade revela-se muito aconchegante numa viagem como esta.
Na descida do Refúgio Collado Jermoso, e já do outro lado da montanha, ainda deu para tirar fotografias a tentar enquadrar a casinha isolada do refúgio. Se olharem bem percebem que ela está no cimo da montanhe, mais ou menos a meio da encosta do lado direito, com telhado preto e paredes de madeira.
A despedida dos Picos é um momento solene. Cada um fez o seu silêncio e aproveitou o momento para uma conversa interior. Eu, que sou de rezar, agradeci a Deus a viagem, o grupo, o Tiago, as paisagens e a capacidade de superação. Confesso que não me sabia capaz de tanto, sem treino nenhum!
Já no último albergue e em vésperas de regressar, o Tiago Costa desenhou no mapa de cada um os trilhos que percorremos e o caminho que fizémos. Ficámos impressionados com a nossa capacidade de nos transcendermos, sobretudo porque só nos últimos dias é que o Tiago nos disse que grande parte do caminho foi feito por trilhos considerados de extrema dificuldade. Ainda bem que ninguém nos disse nada à partida, porque senão não teríamos ido e ... não teríamos voltado com a certeza de que afinal não há obstáculos incontornáveis, tudo se consegue passo a passo, pedra a pedra. Acreditem que esta certeza vai ficar a fazer eco em mim pela vida fora e já me está a ajudar a ser capaz de muita coisa, no sentido literal e metafórico. Trouxe uma pequena pedra branca do caminho que vai ficar para sempre como a minha pedra da superação. Grande pinta de viagem, de grupo e de guia!
O título deste post não tem nada a ver com a Polaroid ? Não e sim. Não, porque no sentido literal e mais imediato não tem mesmo nada a ver. Sim, porque soube há pouco tempo que os posts deste blog, os filmes e as entrevistas dos programas Feitos em Portugal, servem de aulas de Português a uma grande amiga minha espanhola que vive longe do seu país e do nosso, mas permanece próxima e presente desta maneira. Grande pinta, Xi. Espero que este post seja uma supresa feliz...
P.S.: Não te esqueças que eu sou das que não aderiram ao Acordo Ortográfico!
Não sabia que se podia dar uma festa num eléctrico em movimento lento pela beira-Douro e muito menos que as luzes da cabine de comandos se podiam converter num cenário de filme. Muito original e criativo, especialmente se o grupo é bem escolhido. Foi o caso.
Se à festa de anos acrescentarmos um almoço vegetariano-chic n'A Cor da Tangerina, em Guimarães, mesmo a dar para o Paço Ducal, com chá de ervas perfumadas colhidas no jardim provençal, servido muito quente no fim, o cenário fica mais que perfeito. Tudo e tanto por amor a quem se ama por todas as razões e mais algumas, pela vida vivida e partilhada no melhor e no pior há anos a fio. Muito bom.
O presente de anos seguiu em papel de carta antigo, escrito na frente e verso das folhas quadradas, quase transparentes, pensadas para não pesarem no avião. Um presente vintage, por assim dizer. Terno e eterno, quero dizer.
Este blog é muito especial porque amplia o horizonte, rasga novas paisagens e pôe muitas coisas em perspectiva. Ter Lisboa aos pés foi um presente de anos fabuloso, e a partilha das imagens e do momento é a maneira como a Sancha se faz presente nas nossas vidas. Muitos parabéns, querida Sancha. E muito obrigada por estas e outras vistas da cidade no teu blog, na tua casa.
Embora as imagens valham mais que mil palavras, não posso deixar de legendar este filme-surpresa do meio da nossa tarde de trabalho: Ion Rotaru, o moldavo que trabalha na loja das flores do andar de baixo, subiu ao segundo andar para oferecer uma rosa branca a cada uma das mulheres presentes, on duty. Foi o momento do dia. Adorámos, claro. Pelo gesto, pela alegria e generosidade, mas também pela maneira terna como o Ion ofereceu uma rosa a cada uma de nós. Eis a minha rosa, no meu canto desta enorme mesa onde todos nos sentamos de forma muito democrática, entre pares e chefes. As rosas brancas vieram da loja Em Nome da Rosa, que é um espaço de uma beleza exuberante, exaltante, que todos temos que atravessar à entrada e à saída do escritório. Um poema.
Adoro esta caravana e o conceito Caravana Bazaar, e não resisto a importar para aqui estas três fotografias que vi através do blog da Mariana Sabido e foram tiradas por ela. Já uma vez publiquei um post sobre esta Caravana, que para mim é uma combinação de lugar mágico, brincadeira de sótão e cenário de filme, onde o tempo parece de alguma forma suspenso, mas onde este mesmo tempo demorado está carregado de surpresas, e o espaço cheio de objectos especiais, feitos com uma arte única, muito original e criativa. Um dia gostava de entrar nesta caravana e conhecer quem faz tudo isto. Como passo a vida a entrevistar pessoas com ideias, talentos e capacidade de criar e recriar, nunca se sabe se não vou lá gravar um episódio... Adorava! Parabéns, Filipa, não a conheço, mas gostava de lhe dizer que se houvesse mais espaços como este seu, o mundo era um lugar infinitamente mais poético.
Neste dia de luz e sombras, de celebração e dor, de lágrimas e risos, de ecos de tantas vozes e gestos, de todas as memórias das gargalhadas e silêncios cúmplices; neste dia em que recordamos os passeios dados à hora do poente e as saídas nocturnas para passarmos entre as rochas de barco sem luzes nem estrelas no céu, apenas embalados pelo rumor líquido das ondas e confiados em quem conhece bem o mar; neste dia em que voltamos à ilha por muito amor e devoção, levo um poema no coração. E ouço ainda a voz de Sophia, quando ela repetia em alto este verso que também era uma promessa: "quando eu morrer voltarei para buscar todos os instantes que não vivi junto ao mar". Hoje a poesia de Sophia é como uma luz que se eleva ao céu, ou um pássaro lento que desce e vem ao nosso encontro. É uma presença e a nossa maior certeza.
Recebi hoje as fotografias da celebração na Lx Factory e não resisto a publicar aqui 3 imagens de um momento único e radicalmente marcante. Entre andaimes, lages de pedra e tijolos antigos, a fábrica parecia uma verdadeira catedral onde nem sequer falta um vitral. Nuno Tovar de Lemos, padre jesuíta, foi muito inspirador, como sempre. Falou do nosso lado nocturno e do nosso lado diurno, da poesia e do sonho, mas também do activismo que tantas vezes nos consome e atrapalha a vida. Foi um tempo comunhão muito profundo e a meditação sobre estas e outras questões continua a fazer eco. Ainda bem que o Círculo Vieira existe e promove iniciativas como esta.
Esta fotografia foi tirada pelo Pedro Melo, operador de som desta nossa série, com o seu iPhone. Muito bonita. Obrigada, Pedro.
(Um breve parêntesis para dizer que estou sem internet em casa desde sexta-feira, o que é inconcebível e me provoca um enorme caos na vida profissional e até pessoal. Pergunto-me quantas reclamações serão precisas para a PT mandar um assistente, porque já vou na terceira e não acontece nada...) Dito isto, estou neste minuto de partida para Foz Côa e Porto, em trabalho e gravações, e só volto no fim-de-semana, mas não queria deixar de publicar aqui algumas fotos da fabulosa exposição do Miguel Branco, que se pode ver até ao próximo domingo. Tive a sorte de ter o próprio Miguel Branco a fazer uma visita guiada pela exposição e confesso que as figuras dos seus monges, a quietude do silêncio do pavilhão, onde eles contemplam um mundo de árvores povoado por pavões, mais as borboletas gigantes, metamorfoseadas, lindas, exuberantes, e ainda os utensílios de cobre que parecem de outras civilizações, em contraste com o branco puro e neutro de tigelas e objectos aos quais o artista deu um lugar importante no início do percurso da exposição, tudo isto não me sai da cabeça desde que visitei a exposição. O Miguel Branco está no seu auge e este seu Deserto é exaltante e muito interpelador. Gostei muito da exposição. Quem puder, não perca! Está até domingo no Pavilhão Branco do Museu da Cidade, no Campo Grande. Depois segue dali para Paris.
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