NÃO TE ESQUEÇAS DE MIM é o título da nova exposição de pintura que Diogo Guerra Pinto inaugurou ontem na galeria Alecrim 50, no Chiado.
Os quadros do Diogo Guerra Pinto ocupam todo o espaço da galeria e parte dos bastidores, por assim dizer. Gosto destes improvisos e desta informalidade numa galeria de arte, que abre as portas da frente e de trás para expor a obra dos seus artistas.
Pedi ao Diogo Guerra Pinto que me deixasse fotografá-lo ao lado do quadro de que mais gostei, mas que infelizmente não se vê bem nesta minha fotografia. A escala do isqueiro pintado ao centro não tem o mesmo impacto aqui que tem ali. Mas é um quadro vibrante e muito bonito. Tenho pena que não esteja bem fotografado.
José Tolentino Mendonça escreveu um texto muito belo para esta exposição e embora seja difícil citar apenas uma ou outra passagem, pois neste caso corremos o risco de perder a noção da distância entre a realidade e a ficção, arrisco a deixar aqui os primeiros parágrafos:
"O talento, ou o que lhe queiram chamar, reside no dom de ver aquilo que todos já viram, mas vê-lo de maneira mais clara e dos seus vários ângulos". Olhem para nós, por exemplo. Diogo Guerra Pinto é um pintor americano meu amigo e eu também não sou quem sou, pois chamo-me Raymond Carver. Vocês estão a ler este texto e a olhar para uma rua cheia de neve, descontraídos, mas vigilantes, e também não são quem são; nem a galeria que apresenta as pinturas fica no número cívico onde acabaram de entrar; nem é a mesma cidade para onde, daqui a nada, irão sair. Quem somos? Quem nos tornámos?"