Fui ouvir o concerto de lançamento do novo disco da Carminho ao Centro Cultural Olga Cadaval, em Sintra, e foi uma emoção. Casa cheia, a transbordar, e a Carminho no seu melhor. Alma é o único título possível para este disco. Não consigo imaginar nenhum outro depois de ouvir a voz, as músicas e as letras. Aplaudida de pé por todos, sem excepção, Carminho voltou ao palco e por nós ainda lá estavamos a ouvi-la cantar. Pela voz, pelo talento, pela atitude, pela presença em palco, pela inspiração com que fala entre músicas e pela naturalidade com que ri e sorri. Adoro ouvi-la cantar e esta noite foi um poema. O disco é uma beleza e tem uma força incrível. Gostei particularmente de algumas letras e músicas, mas aquela que porventura ficou a fazer mais eco foi o poema de Vasco Graça Moura "Talvez", acompanhado pelos músicos da Carminho e um convidado especial: Mário Pacheco, que escolheu este poema e o musicou. Lindo!
Como não é permitido tirar fotografias durante os espectáculos ao vivo, esperei pelo fim do concerto e pelo início dos autógrafos e abraços para dar os parabéns à Carminho e fazer estas polaroids. A fila de fãs era longa, quase interminável, e por isso o nosso abraço foi rápido mas forte. Quando a Carminho canta parece que tudo no mundo fica certo e no seu lugar, mas não sei se ela sabe que tem este dom de embalar o mundo e de nos sossegar. Mesmo a exaltação que sentimos ao ouvir a sua voz única, inigualável, é uma força silenciosa, íntima, sagrada, nem sei bem explicar, é um misto de exaltação e gratidão.
Diogo Clemente, que toca viola, compõe músicas e letras, e fez a direcção musical do concerto e das gravações de Alma, está entre a avó e a mãe da Carminho, também ela fadista. Estão todos de parabéns, uns por umas razões e outros por outras, mas quem verdadeiramente merece todos os elogios e aplausos esta noite é a própria Carminho. Alguém gritou da plateia "és grande, Carminho!" depois de ela ter cantado à capella, e eu subscrevo inteiramente e até diria mais: "és um monumento, Carminho!". Logo à noite há outro concerto, mas também já está esgotado.
Encontrei a Carminho e os seus músicos à entrada do Congresso Internacional de Cuidados Paliativos, que está a decorrer em Lisboa, no Centro de Congressos (a antiga FIL). Graças à persistência de Isabel Galriça Neto, médica paliativista e uma lutadora incansável na defesa desta causa a quem todos nós, portugueses, devemos uma nova consciência sobre os novos direitos e deveres em matéria de saúde, humanização e cuidados paliativos, a Carminho foi cantar três fados na sessão inaugural do Congresso.
Sou amiga da Carminho há uns anos e adoro a sua alegria contagiante. As suas gargalhadas e a sua maneira de ser marcam todos à sua volta e a mim deixam-me sempre mais feliz. Uso as palavras de José Eduardo Agualusa para dizer que também a Carminho tem o condão de iluminar as sombras à sua volta. Nas fotografias de cima estão também o José Manuel Neto, guitarra, o Didi (Daniel Pinto), viola, e o André Ramos, viola. Tocaram maravilhosamente e de cada vez que a Carminho se calou entre os fados, a casa veio abaixo com as palmas das mais de mil pessoas presentes. Lindo!
Hoje andava a pesquisar umas imagens da Carminho que gravei em casa em duas alturas diferentes, a primeira a propósito da sua estreia na Casa da Música, no Porto; a segunda para ilustrar uma grande entrevista que fiz para o jornal "i", e dei com estes dois vídeos que volto a publicar aqui, para poderem ouvir a voz da Carminho, que é uma beleza. E a voz e as gargalhadas, que são igualmente inspiradoras. E muito contagiantes. Façam de conta que é mais um presente de Natal...
Neste primeiro vídeo, que fui eu que gravei mas depois foi editado pela equipa multimédia do "i", a Carminho estava a falar da sua experiência no pavilhão de moribundos das Irmãs da Madre Teresa, em Calcutá, onde fez voluntariado. Enquanto fazia massagens e cuidava dos 'mais pobres entre os pobres' (como dizia a própria Madre Teresa), a Carminho cantava-lhes fado e são alguns fragmentos desses fados que podemos ouvir.
No vídeo de baixo, a Carminho tinha regressado há pouco tempo da sua viagem à volta do mundo e ainda estava a dar os primeiros passos da sua carreira.
Sabe sempre bem ouvir a voz da Carminho. Falo por mim, que adoro ouvi-la cantar e acho uma maravilha quando canta à capela. É o caso, nestes dois vídeos.
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