Outra notícia aflitiva para todos foi a morte de três crianças numa casa devoluta. Meia hora seguida de telejornais a dissecarem o acontecimento no próprio dia foi brutal. Pior do que os excessos das reportagens só a entrevista feita à mãe ontem no horário nobre do Telejornal. Revelar uma mulher em toda a sua fragilidade e até na ingenuidade de quem acredita que os outros acreditam nas suas palavras é uma maldade. E é uma tentação à qual os jornalistas devem resistir. Não se pode ligar a câmara e fazer perguntas a pessoas em estado de choque ou no auge do trauma. Com mais ou menos consciência, esta mulher perdeu três filhos e é legítimo viver o seu drama à sua maneira. Não se pode explorar a dor dos outros nem tentar provar a ininputabilidade de ninguém desta maneira. Não há direito! As perguntas e o tom da reportagem ontem fizeram-me lembrar uma das entrevistas mais chocantes que vi em televisão no dia em que a ponte de Entre-os-Rios desabou e, no mesmo instante, carros e pessoas foram engolidos pelas águas. Nesse dia alguém chegou perto de um homem que chorava a família inteira desaparecida na tragédia para lhe fazer a única pergunta que não se pode fazer: como é que se sente?
Como é que se podia sentir aquele homem, e como é que se pode sentir agora esta mulher? Sinceramente não sei o que vai na cabeça e no coração dos que se atravessam no caminho dos que sofrem para explorar o seu sofrimento! Nesta e noutras situações dolorosas e delicadas, em que as pessoas são tocadas nas suas fibras mais sensíveis, o silêncio e o respeito são sagrados. De preferência também longe das câmaras e dos focos.
Voltou o sol e confesso que este prenúncio de Primavera me
consola. Ontem foi o primeiro dia de sol depois da sucessão
de semanas de frio e chuva triste e os raios de sol que entram
pela casa e se derramam pela madeira do chão enchem tudo
de luz e alegria pela certeza de que este Inverno está quase a
acabar. Não gosto nada de frio nem de chuva e os meses de
Janeiro e Fevereiro são sempre um bocado neura. Ainda por
cima aconteceram coisas tristes, morreram amigos, a minha
mãe está num processo de recuperação lento e doloroso e é
difícil assistir a tudo isto sem ficar mais down. Nestes últimos
dias fui lendo os comentários que escreveram a propósito do
post sobre o suicídio do jovem de 14 anos, com quem estive
recentemente nos Salesianos de Lisboa, e fui respondendo e
ponderando tudo o que era dito por todos os que contribuiram
para tornar este pequeno debate mais amplo e profundo. Sei
que é um tema difícil e percebi pelas partilhas que a dor dos
que passaram por perdas por suicídio nunca passa. O tempo
não cura nem apaga este sofrimento e também por ter essa
certeza volto ao assunto para reforçar o meu agradecimento a
todas e a cada uma das pessoas que expôs a sua intimidade
para contribuir positivamente para nos despertar a consciência.
Muito obrigada pela coragem e pela generosidade dos coments!
Deixo aqui mais uma imagem da luz do sol reflectida no chão e
nos espelhos da parede, para iluminar outras sombras da vida..
Voltei ao computador depois de uma manhã cheia e ao aprovar os comentários do blog dei com a terrível notícia de um aluno dos Salesianos que se suicidou aos 14 anos. Margarida Antunes, que não conheço pessoalmente, teve a sensibilidade e a delicadeza de me informar sobre esta trágica perda, até porque ele foi um dos 200 alunos com quem estive no colégio há muito pouco tempo. As questões que a Margarida levanta e as perguntas que se põe são exactamente as mesmas dúvidas e perplexidades que eu própria tenho. O que poderá levar um adolescente de 14 anos a pôr fim à sua vida? Não sei. Nunca saberemos. Imagino a dor dos pais e o drama da família e dos amigos... Aconteceu-me recentemente passar por uma perda semelhante e foi doloroso demais. Por um lado, porque nenhum de nós percebeu que isso podia acontecer e, por outro, porque este nosso amigo era um homem aparentemente equilibrado e razoavelmente feliz. Excelente pai, excelente filho, óptimo amigo, invulgarmente inteligente e com um sentido de humor muito fino, não era possível adivinhar o sofrimento interior em que vivia. Só percebemos depois mas foi tarde demais. Estas são as notícias que me derrotam e agora confesso que fiquei desmoralizada.
(Imagem de uma campanha recente feita no Brasil
Encontrei este vídeo no YouTube quando estava à procura de uma versão da música Arms of an Angel de que gosto muito e é cantada a duas vozes. Não encontrei o que queria porque só encontrei a Sarah McLaughin a solo e a Kelly Clarkson a duas vozes, mas sem ser com o Joe Sample (de quem gosto particularmente) mas 'tropecei' neste tributo aos soldados americanos mortos no Iraque. Embora seja um vídeo 'antigo' não resisto a publicá-lo aqui pois a questão infelizmente permanece actual e a visão das botas dos soldados mortos tem um impacto muito forte no sentido em que nos torna ainda mais conscientes da realidade atroz das guerras. Há imagens que marcam e nos transformam profundamente. Assim como existe um museu onde estão amontoados os sapatos dos judeus mortos pelos nazis, também a exposição das botas dos soldados americanos mortos na guerra nos interpela e obriga a pensar. Aqui ficam, com as fotografias das caras e os nomes de cada um.
Embora não tenha encontrado a versão da música que queria e é cantada por Randy Crawford e Joe Sample, duas vozes apaixonantes que adoro, deixo aqui duas outras músicas deles, uma com uma breve entrada falada de Joe Sample que dá para perceber a sua vibração e a sua alma. Digo eu, que não sou nada imparcial porque sou completamente fã de um e outro. Muito bons a cantar, a tocar e a falar como se pode ouvir neste segundo vídeo que aqui fica. Mas há mais, muito mais com eles e sobre eles no Youtube e tudo vale a pena!
(esta imagem é de uma rua perpendicular à Clínica de Navarra)
A notícia é de agora mesmo: um carro-bomba carregado com cerca de 100 kilos de explosivos, explodiu no parque de estacionamento da Universidade de Navarra, de onde acabo de voltar há dois dias. Que coisa sinistra, esta dos atentados a civis que nada têm a ver com as guerras destes guerrilheiros cobardes.
(esta imagem é de um dos edifícios centrais da Universidade de Navarra)
(esta é a imagem do Campus universitário, perto do local onde explodiu o carro-bomba)
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