Nas minhas andanças de comboio para cima e para baixo reparei nas novas máquinas de vender livros e gostei da ideia. São iguaizinhas às que vendem águas, sumos, bolos, sanduíches e chocolates, mas em vez disso vendem livros de bolso. Ou seja, escolhemos o autor e a obra, pomos as moedas e sai um livro para ler na viagem. Muito bom.
A repetição do mesmo discurso por um Ministro e um Secretário de Estado é trágico-cómica. É impossível não rir com o disparate, com o ar grave e solene com que cada um leu palavra por palavra, linha por linha, a mesma conversa. Fica para a história.
O cão da fotografia de cima foi mordido pelo cão da fotografia de baixo e a cena não passou despercebida a ninguém. De repente os dois cães lutaram intensamente no meio da rua e os donos viram-se aflitos para os separar. O cão de baixo estava sem trela e como aparentemente foi ele que provocou o de cima, o dono sentiu-se mais culpado.
Depois de os separar e de lhe dar ordens firmes para ficar quieto e não se aproximar, o dono do cão que mordeu atravessou a rua para ajudar a dona do cão que de certa forma foi vítima, pois seguia o seu caminho tranquilamente pela trela, quando o outro subitamente o atacou e mordeu. A cena foi muito agressiva mas muito breve e felizmente não deixou sequelas graves. Fez impressão ver e ouvir os dois cães e, por isso, toda a rua parou e ficou suspensa daquela luta. Gostei da ética irrepreensível do dono do cão que atacou e também gostei do tom da dona do cão que foi atacado. Nem um nem outro perderam a cabeça, se insultaram ou agrediram verbalmente, muito pelo contrário. Ouvi pedidos de desculpa que foram imediatamente aceites, apesar dos nervos do momento. Antes assim.
Passo todos os dias pelo menos duas vezes por esta montra na esquina de cima da Rue de la Régence (Petit Sablon) e não resisti a fotografá-la. A loja é bonita e bem decorada, mas aquilo que vende é indefinível. Vai das borboletas azuis aos pássaros grandes e pequenos, com e sem plumas. Também tem móveis e antiguidades e não chego a perceber o ramo do negócio. Tanto pode ser decoração de interiores tout court, como pode ser uma loja elegante de animais embalsamados ou coisa parecida. Tem algum mistério e por isso lhe acho ainda mais graça. Talvez não chegue ao fim da semana sem lá entrar... As borboletas, a mim, dão-me saudades de ler Nabokov.
Montra em pleno Chiado: nove chávenas arrumadas em três pilhas, com três mensagens incisivas. Mais nada. As pessoas param, olham e fotografam. Não fui excepção. Acho graça a detalhes e gosto de coisas simples. A montra é das mais nobres no Largo do Chiado e também por isso o contraste é mais interpelador.
Faltou-me falar de livros radicalmente importantes na minha formação humana, cívica e política e como não vou fazer mais uma lista incompleta, deixo aqui apenas 3 livros marcantes em matéria de política e direitos humanos:
Arquipélago de Gulag, Alexander Soljenítsin
Longo Caminho para a Liberdade, Nelson Mandela
A Audácia da Esperança, Barack Obama
Há meia dúzia de livros que leio e releio constantemente (especialmente os de poesia e os mais epopeicos) e nessa meia dúzia incluem-se as Memórias de Adriano, de Yourcenar; o Livro do Desassossego, de Fernando Pessoa; a Obra Poética de Sophia; Loin de Byzance, de Joseph Brodsky; Fragmentos São Sementes, de Novalis; Nabokov sempre, mais uma ou outra biografia de escritores e artistas ou pensadores que me apaixonam ou fascinam. E pronto, quanto a livros por agora é isto. Como vejo pouca televisão, acabo por ter sempre duas ou três horas de leitura por dia. Ou, melhor, por noite.
P.S.: Adorei as listas, as sugestões, as partilhas e tudo o que acrescentaram nestes dias em matéria de escritores e escritos. Muito bom, muito obrigada.
O Francisco tem pouco mais de um ano mas não pára e não tem medo de nada. Curioso como todas as crianças, descobre mundos novos todos os dias e acumula tesouros misteriosos nos bolsos. Desta vez o seu silêncio chamou a atenção por estar entretido entre dois degraus de madeira do deck, quase entalado, a recuperar objectos tão insignificantes como molas de roupa, cascas de caracol e ramos secos. Nestas idades todos os miúdos vivem e sentem como o Calvin e de certa forma todos têm também os seus Hobbes...
Reparei agora mesmo que estou quase e registar 800 mil visitas neste blog. Grande pinta! Obrigada a esta multidão de gente que passa por aqui e deixa a sua marca. Dos mais silenciosos aos mais comunicativos, há de todos os géneros e hoje sinto-me como se fosse a anfitriã de um espaço público muito visitado. Não falo de um MoMa, claro, mas uso a imagem que fiz agora quando estive em NY, por me lembrar um espaço feliz onde me sinto em casa e onde circulam diariamente grandes multidões. No meu blog circula apenas uma pequena multidão, mas sinto-me feliz e grata por isso. Que bom serem tão assíduos e estarem tão presentes.
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