A melhor surpresa? Receber este postal em mão, entregue à porta pelo carteiro que hoje teve que subir porque também trazia umas partituras que era preciso pagar no momento. Não estava à espera de receber um postal do Dia de São Martinho e adorei a surpresa. Só os meus pais se poderiam ter lembrado de me escrever de Chaves, onde estão a fazer termas há mais de uma semana. Como voltam quando eu já cá não estiver, não nos vamos ver durante quase um mês, coisa que nos parece uma eternidade. A sério! Moramos muito perto uns dos outros e as nossas vidas cruzam-se quase diariamente com grande naturalidade. Aliás, esta cidade sem eles por aqui tem muito menos graça... Às vezes encontramo-nos na rua sem estarmos à espera e também isso me faz falta. Obrigada pelo gesto e pela lembrança certeira, queridos pais! E um bom dia de São Martinho para os dois com os vossos amigos, novos e antigos.
Querido pai, parabéns pelos seus 78 anos; pela extrema dedicação aos filhos; pelo amor incondicional aos netos; pela juventude com que encara a vida; pela incansável disponibilidade sempre; pelas idas e vindas incessantes a pé, de carro ou de eléctrico pela cidade; pela liberdade com que gosta de fazer as coisas 'à sua maneira'; pelo gosto de ler e ensinar; pela paciência quando ficamos impacientes; por nunca guardar rancor; por querer o melhor para todos (e nunca para si, já viu?!); por ficar horas à espera de cada um de nós sempre que precisamos de si e nunca nos levar a mal se o fazemos esperar; por nos levar pela mão quando éramos crianças; pelo exemplo extremo de integridade; pela primeira ida a Paris; pelas viagens que fizemos dentro e fora do país; pelas histórias de Goa; pela memória dos domingos de manhã na sua cama; por nos querer explicar sempre tudo; por se levantar cedo para nos comprar pão fresco para levarmos nas excursões da escola (éramos os únicos que não tinham sanduiches feitas na véspera!); pelos bilhetes de cinema, pelas estreias e ante-estreias que fizeram as delícias da nossa infância e juventude (também éramos os únicos que viam os filmes antes de eles chegarem ao cinema!); pela sua coragem na saúde e na doença; pela força com que supera todas as adversidades (na convalescença das suas operações aos joelhos o Fernando pedia 10 exercícios e o pai fazia sempre 20!); pela energia inquebrantável e pela facilidade com que ri e faz os outros rir. Daqui a 2 anos faz oitenta mas olho para si e parece-me que nunca passou dos 60. Parabéns também por isso. E obrigada por tudo, pai.
Quem acompanha este blog desde o início conhece a Mena e sabe o valor que ela tem para mim e para o meu filho Martim. Quase vinte anos de vida em comum é uma vida muito longa e cheia de memórias que não se apagam. A Mena nunca dormiu cá mas também nunca nos faltou durante o dia. Ao longo de duas décadas fomos uma família mas em Julho atingiu a idade da reforma e como tem o marido doente, decidiu deixar de trabalhar fora de casa. Despedimo-nos com abraços e sem palavras. Os meses de Verão atenuaram as saudades mas agora apetecia muito vê-la. Combinámos esta semana e a Mena voltou a uma casa que também é dela. A Manuela, que recebeu o testemunho da Mena e a conheceu apenas durante duas breves tardes, também criou uma cumplicidade alegre com ela e achei divertido apanhá-las às gargalhadas no corredor.
Não há palavras para descrever a ternura e a gratidão que sinto em relação à Mena, que me ajudou a cuidar do Martim desde que nasceu e a manter a casa em ordem. Curiosamente a Manuela só está connosco há dois meses mas os laços que nos unem também já são muito fortes. Há pessoas com sorte em relação às equipas com quem trabalham e eu sou uma delas. Apesar da 'antiguidade' da Mena, posso garantir que uma e outra são dois anjos na nossa vida. Leves, alegres, disponíveis e francas. Um privilégio sem tamanho nos dias que correm.
Gosto de me sentir em casa com aqueles de quem verdadeiramente gosto e adoro que também se sintam assim em minha casa. Acho que é o caso.
Hoje o dia é da Luizinha. Está radiante e acha um 'milagre' receber os presentes de que mais gosta. Tem uma personalidade forte, diz coisas fascinantes que não passam pela cabeça de ninguém, passa a vida a rir e a fazer-nos rir. Parabéns, Luísa!
As fotografias foram tiradas pela Mariana Sabido e a tia Catarina adora esta sequência. Eu também.
Nesta semana de perdas e luto, de dores e saudades, todos os que ficámos tocados pela morte de dois amigos tão queridos e tão próximos nos fizemos perguntas que ficaram sem resposta. Não é natural ver um pai e uma mãe enterrarem os seus filhos. Dizem que a morte de um filho é a única dor que o tempo não cura nem apaga e eu acredito. Não passei por isso graças a Deus mas acredito profundamente que quanto mais tempo passa, mais saudades sentimos. Hoje o dia começa com a missa pelo Bruno e depois o seu enterro. Não tenho palavras para dizer à mãe nem aos que ficam porque também eu as procuro para mim e não as encontro. E eu era apenas uma amiga de agora, deste tempo em que o Bruno esteve no hospital, nem sequer era uma amiga de longa data, mas não era preciso conhecer o Bruno há muitos anos para perceber a sua natureza e a sua fibra. Marcou-me radicalmente e mesmo que eu viva cem anos, o Bruno viverá sempre no meu coração porque é impossível esquecê-lo.
Nesta mesma semana recebi e publiquei aqui a carta dos pais do Pedro, que a Maria Helena mandou num comentário a um post anterior. Queria dizer-lhes que também eles estão muito presentes nas minhas orações. Nas da manhã, na missa pelo Bruno, e nas da noite que hei-de rezar com o meu grupo de oração.
A imagem forte destas mãos dadas não me sai da cabeça.
Adormeci e acordei a pensar neste gesto que marcou um
verdadeiro encontro entre dois homens que nunca se viram
mas se reconheceram como amigos 'antigos' só de olharem
um para o outro. Ambos estão doentes, ambos sabem o que
é atravessar o sofrimento e procurar dentro de si e à sua volta
forças e sentido para a vida. Conheço-os aos dois e também
eu tenho com eles uma amizade profunda feita de verdade e
cumplicidade pelo tempo vivido à cabeceira. Ontem estes dois
homens conheceram-se na Unidade de Cuidados Paliativos
onde um está internado e o outro já esteve. Há momentos em
que nos sentimos radicalmente felizes e gratos por tudo e tanto
que recebemos da vida. Ontem vivi um momento assim. Obrigada.
Agradeço ao Bruno e ao Arlindo a força incrível que têm e nos dão.
O amor é uma força contagiante e muito transformadora. Luminosa.
Ontem foi dia de voluntariado e hoje foi dia de falar de CP.
Tenho uma amiga internada num outro hospital em profundo
sofrimento e sem saber exactamente o que lhe vai acontecer
no futuro breve. É difícil lidar com a dor física e emocional e é
duro perceber que somos impotentes para o que não tem cura.
Ela tem filhos e eu também e, por isso, sei que os nossos filhos
nos dão forças para suportar o insuportável. Sei que eles são o
grande pilar da sua vida. E o seu marido é outro! Deus queira que
tudo corra pelo melhor e que ela volte para casa. Deixo aqui este
voo leve dos pássaros que usei no post anterior porque sei que
para ela e para a sua família o dia está muito pesado e as horas
são muito densas. Rezo pelas suas melhoras e pela sua coragem.
Maria, diz ao Luizinho que hoje nos cruzámos no céu e que
eu ia naquele avião que passou pelo vosso quando havia
nuvens às cores. E diz-lhe que tenho saudades dele e que
vou arranjar mais livros de dinossauros para lhe oferecer.
A vista das minhas janelas neste fim-de-semana especial.
Toda a família do lado da minha mãe se reuniu mais uma
vez. Somos muitos e fazemos um encontro grande por ano.
O dia começou com um passeio de bicicleta ao longo do rio
Vouga. Caminhos trepidantes de pedras, percorridos com
primos, irmãos, cunhados, sobrinhos e tios. Com pausas.
As margens do rio estão povoadas de nenúfares verdes e
lilás que cobrem uma extensão admirável de água e fazem
um efeito lindo.Tudo nestes caminhos tem uma beleza rara.
Um dos meus irmãos, o mais novo, com uma das minhas
sobrinhas a verem as fotografias do rio de nenúfares. Era
impossível não parar aqui para tocar nas flores perfeitas.
Fomos e voltámos por entre árvores novas e antigas alinhadas
numa espécie de bosque-floresta cheio de luz, sombras, cores
e cheiros variados. O chão já está coberto das folhas de Outono.
A Teresinha caiu e magoou-se na mão e por isso o pelotão
da frente teve uma baixa e alguns tiveram que ir a pé e levar
as bicicletas pela mão. Conseguimos chegar antes da chuva.
Este ano reunimos 54 elementos da família. Faltaram quase
30 e foi pena mas a vida quase nunca é como gostávamos
que fosse... O tempo em que os avós eram vivos foi o tempo
mais feliz da nossa família e é também por eles que todos
os anos nos juntamos. E por nós, claro. Porque adoramos!
Se o avô fosse vivo faria hoje 108 anos. O nosso avô querido.
Termina hoje em Roma a maratona de leitura da Bíblia que começou no domingo passado. Foi um exercício de leitura mas, acima de tudo, um exercício de escuta. E um tempo de poesia e eternidade, como escreveu António Marujo no Público.
Entre todos os famosos e anónimos que leram partes dos Evangelhos, houve um que marcou especialmente este tempo. Muitos já o viram e ouviram nesta semana no YouTube e eu não fui excepção. E é porque o vi e ouvi que não resisto a trazê-lo para o blog. Adoro o estilo dele e adoro ouvi-lo ler a descendência de Adão e Eva com sotaque florentino. Muito bom.
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