Fui ver, finalmente, a casa que o arquitecto Manuel Aires Mateus projectou para uma família em Leiria. Há anos que ouço o Fernando falar desta casa em construção, da história como tudo começou, da maneira como ele e o arquitecto se entenderam desde o princípio e, ainda, da vontade de realizar um grande sonho. A casa está pronta e habitada. Marca toda a paisagem e desde que existe tem sido muito fotografada e visitada por outros arquitectos, estudantes e amantes de arquitectura. Tenho pena de não a saber fotografar (nem ter máquina para isso) porque estas imagens são muito artesanais e, por isso, muito pobres quando comparadas com a riqueza dos ângulos e detalhes de uma casa onde tudo é luz e depuração. Em todo o caso aqui fica a 'Casa de Leiria', como já é conhecida, com a marca Aires Mateus. Parabéns Carla e Fernando!
Vou muito em breve visitar pela primeira vez o Museu
de Foz Côa e apetece-me muito esta visita guiada. Os
próprios arquitectos vão mostrar-nos o espaço e acho
um privilégio sem tamanho tê-los como cicerones. No
dia em que o Camilo Rebelo e o Tiago Pimentel derem
este passeio connosco eu prometo fazer a reportagem!
P.S. : Esta foto também foi tirada pela Seona Neilson.
Já escrevi várias vezes sobre os Urban Sketchers no blog porque sou radicalmente fã desta casta de artistas que se juntaram numa espécie de movimento à escala planetária para desenhar tudo o que existe no mundo, desde as cidades mais cosmopolitas aos lugares mais remotos, passando pelas pessoas (toda a variedade de pessoas, note-se!), pelos objectos banais mas também sofisticados, pelos animais, plantas, ar, mar, céu, terra, vento, sol, chuva, vales, montanhas, abismos, vulcões e tudo o que existe e nem sempre nos lembramos que existe. Fascina-me esta capacidade de observar e passar para o papel a realidade-real, mas também a realidade virtual, que está na cabeça ou nos sonhos de cada um. Hoje deixo aqui este pequeno vídeo de um destes artistas que andam com a sua Moleskine no bolso e param nas esquinas das ruas para as desenhar. Muitos não mostram os seus desenhos ou esboços, mas este revela todas as páginas, da primeira à última. Tem desenhos lindos.
Eis as pinturas dos tectos da Igreja do Santíssimo Sacramento, no Chiado, onde hoje decorreu a cerimónia de entrega do Prémio Vasco Vilalva 2010, atribuido pela Fundação Calouste Gulbenkian ao melhor restauro concluído no ano passado. Estive presente com a minha mãe, que é membro da Real e Venerável Irmandade do Santíssimo Sacramento e, por isso, também teve o seu papel na devoção e entrega com que todo o restauro evoluiu ao longo destes últimos tempos. Digo isto porque tudo foi feito sem dinheiros públicos e foi justamente graças à generosidade, ao empenho e à dedicação da comunidade de fiéis, mais os mecenas e uma indemnização que o Metro pagou à Basílica dos Mártires por danos causados pelas obras subterrâneas, que este restauro foi possível.
A Igreja do Sacramento, como é vulgarmente conhecida, encheu-se de gente da cultura e não só. As portas abriram-se de par em par e como disse José Sarmento de Matos, Historiador de Lisboa e porta-voz do júri, todos aqueles que à semelhança de Júlio Castilho, antipatizavam com a arquitectura das igrejas pós-terramoto onde predomina a pedra e os mármores e criticavam as igrejas construídas no centro histórico de Lisboa no tempo do Marquês de Pombal por serem escuras, frias, sem a graça dos azulejos e o romantismo da talha dourada, ficariam espantados com a luz e a beleza do Sacramento depois do monumental restauro.
José Sarmento de Matos e o Cónego Armando Duarte, o grande motor desta obra de recuperação supervisionada por Carmo Almada, olham para os tectos, e comentam as pinturas e os painéis do Mestre Pedro Alexandrino com emoção. Percebo-os, pois está tudo uma beleza e mesmo sendo leiga em matéria de técnicas de restauro, dá para perceber a jóia, o tesouro que se desocultou agora na Igreja do Sacramento. Muitos parabéns ao Cónego Armando Duarte, que nunca desistiu nem se deixou vencer pelas dificuldades (e foram tantas, meu Deus!) e muitos parabéns à imensa legião de pessoas e empresas que tornaram tudo isto possível. Grande pinta e grande orgulho, especialmente porque nem em tempos de crise as pessoas deixam de contribuir.
Ouvi com interesse a apresentação que Laurel Humble, do MoMA de NY, fez na Fundação Gulbenkian sobre as actividades para pessoas com Alzheimer e suas famílias num dos grandes museus de referência no mundo inteiro. Meet Me at MoMA (http://www.moma.org/meetme/) é o nome do programa onde se incluem todas as iniciativas especiais para pessoas com necessidades especiais. É impressionante o impacto que a arte e as visitas guiadas pelo museu têm nos doentes com Alzheimer ou alguma forma de demência. Estudos da Universidade de Nova Iorque (NYU School of Medicine) provam a eficácia destas iniciativas e sublinham que nas semanas a seguir às idas ao Museu estes doentes revelam maior auto-estima, estão mais bem dispostos e menos vulneráveis em termos emocionais. O efeito estende-se aos cuidadores, que como todos sabemos, vivem em tensão e desgaste permanentes e facilmente entram em burnout emocional e físico. Estas e outras experiências e testemunhos fizeram toda a diferença para quem participou nos dois dias de debate na Gulbenkian sobre Políticas e Medidas de Integração para pessoas com Alzheimer. Valeu a pena o debate, até para funcionar como um alerta social e levar mais pessoas a despertar para a realidade de uma doença terrível que faz com que o doente deixe de saber quem é, deixe de reconhecer os seus familiares e (quase) todos os que ama e deixe de saber qual é o seu papel e o seu lugar no mundo.
Gostei muito de ver algumas peças de algumas galerias na Feira de Arte de Lisboa. Em cima, uma escultura em escala humana de João Castro Silva, pousada em frente de um quadro/desenho de João Vaz de Carvalho.
Sou bastante parcial no que toca à pintura e desenhos do Pedro Proença (pormenor de um quadro, em cima) e do Pedro Calapez (foto de baixo), pois são dois dos meus artistas preferidos há anos sem fim. Desde que começaram a pintar, mesmo.
Este quadro invulgar do Diogo Guerra Pinto, representando uma muleta, foi logo vendido. De facto é forte e fica-se preso a ele. Não sei se pelo insólito da figuração, se pela maneira como ele usou o preto-branco-e-cinzento nesta tela. também não sou imparcial, porque gosto muito da sua pintura e dos seus carvões.
Sou fã das fotografias e obra de Helena Almeida e se pudesse ter feito uma extravagância nesta edição da Feira de Arte de Lisboa, teria comprado esta fotografa enorme, muito bela e muito profunda. Um abraço de um homem, que também se deixa abraçar. Muito forte e de uma depuração gráfica maravilhosa que a escala gigante amplia. Adorei.
Noutra linha, noutra escala e com outro detalhe, este e outros insectos também me fascinaram.
Voltei à Fundação Chillida-Leku, um dos museus mais bonitos que conheço. Chillida, o escultor basco que morreu há poucos anos, recuperou uma casa provençal no meio de um bosque perto de San Sebastian (a casa vê-se ao fundo nesta primeira fotografia) e criou ali a sua própria Fundação. Em volta da casa, nos extensos relvados e no meio das árvores, há dezenas de esculturas de ferro e de pedra de Chilllida. Sou fã da sua arte (das esculturas e desenhos, mas também dos seus escritos e todo o seu legado filosófico) e não me canso de admirar as suas obras. Deixo aqui uma sucessão de imagens mais ou menos avulsas para apreciarem o bosque e as esculturas de Chillida. Este fim-de-semana foi, para mim, um luxo artístico-intelectual. E não só.
Fim-de-semana cultural no País Basco: primeiro o Museu Guggenheim, em Bilbao, para ver a exposição retrospectiva de Anish Kapoor, um dos meus artistas preferidos. Há anos e anos que vou vendo as suas peças e instalações de forma avulsa, uma na Tate, outra em NY, outra em Chicago e por aí adiante... Desta vez o Guggenheim abriu todas as salas e galerias do 2º piso para acolher as obras mais expressivas de Kapoor.
Antes de entrar no museu, damos uns passos mais atrás para ver como evolui o cão de Jeff Koons. Adoro este cão orgânico, o seu tamanho descomunal, o mix de flores e plantas de que é feito. Não faço a menor ideia de quanto custa a manutenção de uma escultura tão viva como esta mas acho-a uma festa.
À entrada, logo no hall central, três Vénus colossais de um artista que mal conheço: Jim Dine. A obra tem um título eloquente: Three Red Spanish Venuses. O impacto destas esculturas é brutal.
Na galeria central do piso de entrada continuam as esculturas de ferro de Richard Serra. Apaixona-me o seu minimalismo e a maneira como ele nos propõe novos caminhos. Percorrer os seus labirintos de ferro ou avançar por dentro da sua Serpente, por exemplo, são experiências que permitem ter outras perspectivas do espaço. Fascina-me a escala de Serra, a sua depuração e a elegância com que molda o ferro, fazendo-o parecer incrivelmente leve e flexível.
Os 'C Curvos' de Anish Kapoor são um dos seus muitos ícones. Na sala dos espelhos estão o Sky Mirror, os C Curves, alguns espelhos convexos e outros que esticam, encolhem e distorcem a figura, proporcionando uma série de emoções que tanto nos lembram experiências da nossa infância (como as salas de espelhos de algumas feiras, por exemplo), como nos fazem sentir noutra realidade. A foto de baixo está muito fluida mas é também essa a sensação que temos perante estes espelhos...
Anish Kapoor é um dos artistas mais influentes do nosso tempo e tem uma obra admirável que vai de pequenas peças em que usa os coloridos pigmentos indianos, a instalações de grandes dimensões que ocupam o espaço público de ruas e avenidas em cidades muito cosmopolitas. Adorava conhecer pessoalmente o Anish Kapoor e ainda não perdi a esperança de o entrevistar. Sou pouco dada a idolatrias mas de alguma forma sinto que ele podia ser um dos meus ídolos...
Na foto de baixo vê-se um canhão que dispara balas de cera pigmentada de vermelho-sangue. Esta instalação é muito interpeladora e obriga-nos verdadeiramente a parar. De vez em quando um assistente de Kapoor aparece vestido de fato-macaco cinzento para disparar uma bala contra a parede do canto e o estrondo que se ouve em todo o Guggenheim é assustador.
Numa outra sala há uma escultura amarela que parece um enorme quadro e apetece contemplar demoradamente. À medida que nos aproximamos percebemos que não se trata de uma tela mas de um quadrado de uma espécie de cimento que tem no centro um buraco que dá a ilusão de ser um sol. Acho o amarelo fabuloso e a ilusão óptica muito inspiradora. Há quem fique parado longos minutos sem se mexer, a absorver a vibração e o calor deste sol...
Fora do Museu há esculturas e performances. Uma delas são os fumos que se levantam do espelho de água de vez em quando. Muito bom.
Comecei por dizer que primeiro fomos ao Guggenheim e agora digo que depois veio a Fundação Chillida e não só. Vou dando notícias.
Gosto muito desta instalação de Dan Graham, artista plástico norte-americano, que está nos jardins de Serralves desde o ciclo de exposições "Sobre, Em Volta, Dentro da Paisagem".
Nestes dias de sol de Outono, mas ainda quente, os jardins de Serralves ficam uma beleza. Apetece andar por ali e foi o que fizemos. Primeiro, um brunch no restaurante do Museu de Arte Contemporânea, depois um passeio demorado pelas alamedas de castanheiros.
Serralves é sempre um acontecimento. Temos a sorte de ter a Gulbenkian em Lisboa, mas adoro ir a Serralves.
Em baixo, um dos dois portais de ferro do escultor Richard Serra. Não é a sua obra mais extraordinária nem mais eloquente do seu percurso, mas não deixa de ser uma presença marcante nos jardins.
Eis parte do grupo de amigos que hoje se juntou à volta da mesa em Serralves. Que saudades que eu já tinha do Camilo, do Bento, da Carmo, da Clô, do Afonso, da Susana e dos miúdos, que hoje andaram sempre radiantes à nossa volta (ou à nossa frente) em brincadeiras e cambalhotas. Foi um domingo de sonho, depois de um sábado de festa e celebração de um casamento de dois grandes amigos. Maravilha!
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