Terça-feira, 20 de Maio de 2008
A nossa vida nos livros dos outros
A escrita é de Sándor Márai mas a substância é a da vida de todos nós. Ontem depois de o sol se pôr e hoje durante todo o dia estas frases fazem um eco particular:
Cada um gera também aquilo que acontece consigo. Gera-o, invoca-o, não deixa de escapar àquilo que tem de acontecer. O homem é assim. Fá-lo, mesmo que saiba e sinta logo, desde o primeiro momento, que tudo o que faz é fatal. O homem e o seu destino seguram-se um ao outro, evocam-se e criam-se mutuamente. Não é verdade que o destino entre cego na nossa vida, não. O destino entra pela porta que nós mesmos abrimos, convidando-o a passar. Não há nenhum ser humano que seja bastante forte e inteligente para desviar com palavras ou com acções o destino fatal que advém, segundo leis irrevogáveis, da sua natureza, do seu carácter.
(in As velas ardem até ao fim, D. Quixote)
A questão de um destino irrevogável é discutível? É certamente. Mas isto que Márai escreveu faz-me pensar. E faz sentido, porque confere com a vida.
De Augusto Küttner de Magalhães a 20 de Maio de 2008 às 19:59
Tenho um certo problema com o destino.
Acho que temos "cá e aqui" a vida e fazendo o melhor por nós e por todos todos os que nos rodeiam, não como se um DESTINO traçado tivessemos, dado que se assim fosse estaríamos parados sem nada poder fazer para o diferenciar, estava marcado. Podemos não estar "destinados" a ter uma certa vida, mas temos sempre que ter maneira viver sem predistinação!
De Nuno Branco sj a 20 de Maio de 2008 às 20:55
Costumo frequentar o blog e dou atenção àquilo que escreve como retrato simples do dia. O dar-se conta do pormenor que fascina e estimula a atenção para encontrar a beleza que chega a cada um, seja numa notícia, reportagem, música, palavra ou no silêncio.
Aproveito e se me permite, dou-lhe a conhecer o meu blog: www.toquesdedeus.blogspot.com Imagino que já conheça a blogosfera dos jesuítas ;) eles andam aí!
cumprimentos,
De zilda cardoso a 21 de Maio de 2008 às 08:31
Segundo entendi, há no homem uma natureza, um carácter, um destino que interagem. Podemos facilmente acreditar que não há uma fatalidade absoluta ou que podemos agir como se não houvesse, e que há uma relativa, porque em cada um de nós existem características próprias que determinam um destino que nos é desconhecido. Na verdade, não podemos saber nada sobre isto, mas apenas reflectir.
De
LeniB a 21 de Maio de 2008 às 22:51
Li este livro assim que foi publicado em Portugal.
Em jeito de tertúlia , discuti o assunto do livro com outras pessoas.
Hoje, por acaso, o meu texto foi sobre acreditar ou não num destino irrevogável.
Acredito que cada um faz o seu próprio destino.
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