Domingo, 15 de Janeiro de 2012
Reportagem sobre adopções falhadas

Domingo, dia de família para os privilegiados como nós, os que temos famílias grandes e unidas, capazes de se juntarem por boas causas. Hoje optei por ficar na mesa das crianças, onde as conversas são sempre meio delirantes. No fim desataram todos a fazer desenhos. A Luísa e a Teresa gostam de jogos de palavras, mas o Gonçalo ainda só tem 2 anos e prefere fazer riscos e rabiscos. No jornal da noite da TVI passou uma reportagem aflitiva e muito bem feita sobre as crianças que são devolvidas às instituições pelas famílias de adopção, que as rejeitam. Fiquei impressionada com todos os testemunhos, em especial com o do rapaz de 14 anos que foi devolvido (a expressão é dramática, mas foi usada, e com toda a propriedade, pela jornalista) e uma rapariga da mesma idade que não se quer sujeitar a passar por esse massacre emocional. As psicólogas e educadoras foram muito corajosas e assertivas e só disseram coisas importantes, que nos deixaram a pensar. Confesso que tenho no meu círculo alargado de amigos várias famílias que adoptaram crianças e jovens (alguns deles deficientes, note-se) e tenho aprendido imenso com os seus exemplos. Como felizmente são casos bem sucedidos, não tinha a noção da quantidade de crianças que são rejeitadas pelas famílias de adopção e voltam, desalmadas, para a instituição. Fiquei chocada e dou os parabéns à jornalista e ao cameraman, pela ética e sensibilidade com que trataram o tema, mas também às pessoas que deram a cara por esta causa. Voltando ao início, nós e os nossos filhos somos mesmo uns grandes privilegiados e é bom que tenhamos a noção do privilégio, para nunca nos queixarmos nem passarmos ao lado do essencial.

 

publicado por Laurinda Alves às 22:40
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12 comentários:
De Joana Freudenthal a 16 de Janeiro de 2012 às 00:57
Gostava imenso de ter visto, Laurinda. Sabes se consigo ver online?
Eu conheço um caso ao contrário, mas há 50 anos atrás: um casal que adotou um filho e 1 ano depois a família biológica arrependeu-se de ter dado o bebé e foram arrancá-lo aos pais adotivos. Também dramático.
De Vânia a 16 de Janeiro de 2012 às 01:09
:(
De Marcolino a 16 de Janeiro de 2012 às 05:34
Querida Laurinda!
Também vi, a referida reportagem. Contudo, depois de serenar meus sentimentos, conturbados, pela agressividade da senhora «inquisidora», voltei a mim, e recordei-me da famosa passagem Biblica, sobre a doce Madalena Arrependida. Só que, Madalena Arrependida, teve sempre do seu lado, o Doce Jesus!
Beijinho
Marcolino
De Céu Menezes a 16 de Janeiro de 2012 às 10:22
Estimada Laurinda,


Vi a reportagem que me deixou sem palavras. para além dessa realidade há outras situações que pessoalmente 'mexem' comigo. Há dias a minha irmã recebeu uma menina de três anos. Essa menina com mais dois irmãos (um pouco mais velhos) foram abandonados pela mãe em casa. Para além da violência do abandono e da institucionalização têm de passar pela violência da separação de irmãos. Não deveria haver um esforço de os juntar? Como serão estas crianças em adultos? Que tipo de sociedade estamos a criar? Não se deviam colocar em 'acto' o valor supremo da criança? Esta realidade juntamente com a dos idosos merece toda a nossa atenção e preocupação...

Céu Menezes
De ann a 16 de Janeiro de 2012 às 11:44
Também vi a reportagem.
Olhando para a cara da senhora que devolveu o menino à procedência, e à maneira desenvolta, prática e fria com que falava, parece-me, infelizmente, que há pessoas que resolvem adoptar uma criança para juntar aos filhos biológicos, por ser moda, nas actrizes e nas pessoas famosas. Tenho quase a certeza disso.Que horror de gente!!
Se o pequeno , não é prodígio; então, nem pensar!
Claro , que , há pessoas, com verdadeiro interesse e aptidões, e muito amor para a adopção. Mas , eu ali, vi isso.
Fica.te mundo, cada vez é pior...
De alexandra borges a 16 de Janeiro de 2012 às 14:45
olá,
Fui eu que fiz a reportagem....chamo-me Alexandra Borges e não queria julgar, nem muito menos crucificar alguém. A Maria é uma pessoa bem intencionada mas, infelizmente, avançou para um projecto sério sem a responsabilidade de quem tem todas as certezas e magoou muito uma criança que já havia sido maltratada muitas vezes antes.Nós somos humanos e erramos.A Maria teve a coragem de dar a cara , assumir o seu "fracasso" e nos pôr a todos a pensar!
Ontem à noite, após a emissão da reportagem recebi o email de um pai que adoptou, há 7 anos, 3 crianças crescidas. Ontem, no dia da familia, juntaram-se e discutiram a possibilidade de aumentar a familia mas, quem vai decidir se quer ou não fazer parte dela é o próprio "Carlos".Quem sabe não começou ontem uma linda história de amor?
Beijos grandes Laurinda,
Alex Borges
Todos somos
De Laurinda Alves a 17 de Janeiro de 2012 às 14:23
Olá Alexandra, obrigada pelo comentário ao post e comentários. Fico a torcer pelo 'Carlos'! Obrigada por esta esperança que vem com esta possibilidade de boa notícia. Que bom que era... :) Abraço enorme e bom trabalho!
De fer a 16 de Janeiro de 2012 às 14:54
Olá Laurida
Também vi a reportagem, que considerei bem feita e salvaguardou a identidade das crianças, o que raramente aconteçe.
Adoptar, para alguns, passou a ser uma moda de quem vem para as revistas cor de rosa, dizer dos seus sonhos, imaginários ou porque fica bem "praticar o bem".
A Adopção não é nada disso. è um puro acto de amôr, tal qual temos pelos filhos bilógicos.
Quando os filhos têm problemas de saude, comportamento......., os Pais fazem tudo para os ajudar. A perspectiva é a mesma. Quem adopta não pode "devolver" e se o faz ,não será um bom Pai ou Mãe ( foi mal seleccionado ) enquanto pessoa candidata á adopção.
As crianças entregues para a Adopão, já passaram tanto, que mereçem o amor incondicional dos Pais que os adoptam, ainda que , por vezes não seja fácil educar e cuidar.
Também muitos filhos que não são adoptados, deram e dão muto trabalho aos Pais e eles resistem, apesar de conflitos, sofrimentos, desespero e mesmo a perda dos filhos, para outros Mundos, com os quais nunca sonharam para eles.

Um grande abraço

Fernanda Matias


Fernanda matias
De Carla a 16 de Janeiro de 2012 às 22:35
Vi a reportagem e também fiquei muito chocada com a desenvoltura e, as justificações dadas pela senhora que devolveu a criança à Instituição. Tal como as responsáveis da Instituição disseram, creio que a família deveria ser riscada duma hipotética futura adopção pois a frieza e a ligeireza do depoimento só por si deveria chegar, não vá outra criança passar por idêntica vivência. Amar e aceitar os filhos, mesmo quando eles não correspondem aos nossos sonhos e anseios, consideramos ser um dever!São nossos!Os outros, parece serem um acrescento e , não são!Por tão sedentos de amor, muitas vezes retraem-se por terem uma sensibilidade muito própria, não raras vezes continuam a sonhar e amar as famílias de origem, mesmo com recordações intímas marcantes, têm necessidade de serem amadas, de atenção e, quando mais crescidas necessidade de partilhar também quem são, não abdicam do seu ser.Há um misto de necessidades, emoções, avanços e recuos, num estabelecer de relação muito exigente que só os capazes de AMOR incondicional deverão assumir!TConheço algumas crianças de instituições, considerava ser meu dever profissional amá-las, e respeitá-las e, paradoxalmente, embora eu não me considere má pessoa, nem sempre tive a capacidade de perdão e compreensão que algumas situações no seu limite me exigiam. Se os nossos precisam de amor, estes nem falemos, são ávidos de amor!´Considero uma situação dessas uam verdadeira violência!
De Blondewithaphd a 17 de Janeiro de 2012 às 11:50
Sabia que existia. Ouvir que existe é que é um aterrar na realidade. Aflitivo!
De Margarida a 17 de Janeiro de 2012 às 16:19
De facto, uma reportagem que abalou e despertou muitas consciências e comentários.
E também posts indignados, por esta blogosfera fora.
É urgente uma cultura de valores, em nome da Humanidade.

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