Terça-feira, 13 de Setembro de 2011
Em Paris, com a UNESCO, até sábado

Vou a Paris e volto no próximo sábado. Vou a convite da UNESCO, para assistir a várias conferências, mas também à emotiva entrega do Prémio pela Paz Félix Houphouet-Boigny, que vai ser dado amanhã a Estela de Carlotto, fundadora do Movimento Avós da Praça de Maio (Estela é a senhora vestida de cor-de-rosa, na foto, que vai de mão dada com Irina Bokova, a directora-geral da UNESCO). A cerimónia vai ter lugar na sede da UNESCO, com a presença de Cristina Fernández Kirchner, presidente da Argentina, entre outros chefes de Estado. O movimento das Avós da Praça de Maio foi criado há 30 anos por familiares de vítimas da ditadura militar argentina (1976-1983) e o prémio reconhece e celebra a luta das mulheres argentinas pelos direitos humanos, a paz e a justiça. Em anos anteriores esta organização das Nações Unidas premiou Nelson Mandela, Yasser Arafat, Jimmy Carter e Lula da Silva, entre muitos outros pacifistas e humanistas visionários. As Avós da Praça de Maio têm lutado incansavelmente para encontrar as crianças e jovens que desapareceram durante o tempo da ditadura argentina e até hoje conseguiram encontrar 104 dos 500 sequestrados. Para mim é um privilégio enorme assistir a esta cerimónia e poder conhecer pessoalmente mulheres como Estela, Irina e tantas outras que vivem, cada uma de sua maneira, apostadas em transformar o mundo. Vou dando notícias.
De
João Nuno a 14 de Setembro de 2011 às 01:59
Querida Laurinda,
grande notícia! Que alegria! Boa viagem! Depois queremos saber tudo!
Em jeito de alegria partilho um pensamento de Tolentino Mendonça...fantástico - O caminho e a estalagem!
beijinhos.
O CAMINHO E A ESTALAGEM
Chega setembro e damos por nós a conjugar regressos. Há duas maneiras de encarar este reencontro com o nosso quadro habitual de vida. Podemos entendê-lo como um retomar simples de um percurso que a pausa estival interrompeu. Voltamos aos mesmos lugares, ao mesmo ritmo, aos mesmos tiques rotineiros, como se a vida fosse um contínuo inalterado. Ou podemos voltar, tendo ganho uma distância crítica e criativa, em relação ao modo como habitamos o real que nos cabe. Sentimos então, como naquele verso de Rainer Maria Rilke, que temos de chegar ao que conhecemos e arriscar olhá-lo como se fosse a primeira vez. De facto, a vida, nas suas várias expressões (laborais, familiares, afetivas…) precisa de recomeços que o sejam verdadeiramente. Não nos podemos instalar simplesmente nas vitórias de ontem, nos saberes adquiridos de um dia, nas experiências de uma determinada etapa. O recomeço supõe uma abertura esperançada em relação ao hoje, encarando-o com a pobreza e a ousadia de quem aceita, depois de ter percorrido já uma estrada, considerar que está novamente, e que estará até ao fim, a viver sucessivos pontos de partida.
Neste sentido, precisamos de jogar a vida no aberto, mantendo uma plasticidade interior que é um grande investimento de confiança no modo como Deus se vai manifestando a cada momento. Talvez precisemos todos escutar mais profundamente a vida para captar essa novidade que nos chega por dentro, esse refazer das disposições interiores, essa rejuvenescida vontade de nos pormos à estrada, quando a tentação que nos sobrevém, a dada altura, é a de nos arrumarmos num canto qualquer.
Há aquela frase exigente e fantástica que o D.Quixote repetia: “vale mais o caminho do que a estalagem”. Setembro abeira-se de nós assim, desafiando-nos não a um regresso à estalagem, à zona de conforto, à vida tornada mais ao menos maquinal, mas a expormo-nos aos reinícios autênticos, ao refazer humilde e apaixonado do nosso labor, às aprendizagens que nos avizinham silenciosamente do definitivo escondido no provisório que tateamos.
José Tolentino Mendonça
Lindo. Maravilha, mesmo, João Nuno. Obrigada pela partilha. Parto com este texto a fazer eco. Muito obrigada :) Abraço e até já
De Eduarda a 14 de Setembro de 2011 às 13:55
Laurinda, boa viagem. É essa viagem será a expressão de Felicidade: Pessoas maravilhosas premiadas numa cidade maravilhosa, não se pode pedir mais...
:)
Nuno, que comentário bonito!
:)
dadinha
De Teresa a 15 de Setembro de 2011 às 00:17
Laurinda,
Uma feliz viagem !
Aproveite tudo porque merece .
Beijinhos
Teresa
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