Terça-feira, 18 de Janeiro de 2011
Nunca desvalorizar os sinais de depressão!

 

O impacto desta campanha internacional sobre a depressão foi enorme e serviu para despertar a consciência para uma doença que, por ser invisível e do foro psiquiátrico ou psicológico, é muitas vezes desvalorizada. Ou pior, é motivo de desinteresse na medida em que muitos ainda acreditam que está inteiramente na mão das pessoas que estão deprimidas ou revelam sintomas depressivos, livrarem-se da doença. Nunca ninguém diria a um doente oncológico: "é só um cancro, tens que ultrapassar isso!", mas na verdade é fácil ouvir isso relativamente à depressão. Nestes meses frios e de Inverno há mais pessoas vulneráveis às depressões (sejam sazonais ou de outra natureza) e, por isso, vale a pena saber mais sobre a depressão e estarmos mais atentos aos frágeis que andam à nossa volta.

publicado por Laurinda Alves às 11:59
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13 comentários:
De rose a 18 de Janeiro de 2011 às 14:30
Laurinda, eu diria antes "atentos aos que andam fragilizados à nossa volta" porque, das pessoas que me rodeiam e que estão a passar ou já passaram por uma depressão, algumas até são habitualmente fortes e isso dá que pensar.
-Eu não tenho tempo para ter depressões-- é uma frase recorrente quando se fala em depressão que me deixa de cabelos em pé e que espelha bem a intolerãncia e a leviandade com que muitos olham para esta doença.
Bom Ano!
De Cristina Torrão a 18 de Janeiro de 2011 às 19:40
Bom comentário, rose! De facto, a depressão não ataca apenas os "frágeis" (se é que os há, normalmente, quem se considera frágil, foi ensinado a acreditar em tal / ou mentalizado para tal).

"Eu não tenho tempo para ter depressões" é meio caminho andado para, mais tarde ou mais cedo, ser atingido por uma depressão.
De Laurinda Alves a 18 de Janeiro de 2011 às 20:56
Tem toda a razão, Rose. As aparências enganam também em matéria de saúde mental e emocional. Obrigada pela precisão e também por sublinhar o desconhecimento de tantas pessoas sobre uma matéria tão delicada e sensível. Um abraço.
De Fernanda Matias a 18 de Janeiro de 2011 às 14:31
De facto, esta campanha, tem que ser, um trabalho de todos, mas é necessário não baralhar e estar muito atento a nós e aos outros.
Muitas vezes chamam depressão ao que é tristeza, ansiedade , solidão, falta de apoios e, em substituição do que não se dá, dão-se antidepressivos.
Outras vezes, tudo vais passar. Tens que ter paciência, faz um esforço, sai, etc, etc, como se essa fosse a ajuda para grandes males. grandes perdas, grandes doenças.
Neste diagnóstico, pesam factores, que o próprio não valoriza ou não se dá conta. Sente um mal , quase indizivel.Quem está á volta tantas vezes relativiza : é do inverno, é do trabalho...
Importante mesmo é estar atento e não subvalorizar os sinais ou consequências.
Eu que trabalho com famílias ditas "vulneráveis", são-no, quase sempre, porque vivem em depressão uma vida inteira e ninguém as ajudou durante o seu percurso de vida a tratar a depessão (grandes crises emocionais )para enfrentar a vida.Tentamos resolver o problema actual, mas o que provocou o actual e os passados, foi o facto de a pessoa não ter sido tratada.
Fiquemos de facto muito atentos aos que nos estão proximos por razões pessoias ou profissionais e não passemos á frente. Fiquemos ali até perceber e então ajudemos e encaminhemos para quem saiba.
Uma criança, que diz que o que mais desejava " é não ficar fechado na rua" enquanto os Pais vão trabalhar, pode já estar em grande depressão. São sinais como estes, que nos obrigam a decidir como vamos ajudar.

Um abraço

Fernanda Matias
De Anónimo a 18 de Janeiro de 2011 às 19:21
Amiga Laurinda,
Uma depressão profunda é aquilo pelo que o meu filho está a passar, há sete longos anos.
Claro que se torna extensivo a cada elemento familiar...pais e avó.
Toda a medicação que tomou inicialmente, só o colocou ainda mais apático, ao ponto de não segurar nem as urinas, nem a saliva...dormia vestido, em cima da cama...comia uma tosta por dia com alguma "Becel" e, por vezes, com um pouco de fiambre. Toda a aprendizagem de vida e de estudo ao longo dos seus 25 anos foram por água abaixo...o filho que tinha, até essa idade...por muito que me custe admitir...não existe. Este filho, é uma outra pessoa/personalidade.
Só nos últimos três anos... recomeçou a ter algumas parecensas com o que era, no antigamente. Já deixei de fazer comparações...nem vale a pena...o que era, já foi...agora, é o agora...neste preciso momento.
Mas o que mais me surpreende é que ele próprio não admite que passou por tudo isso e que ainda não está a 100% do que era...Neste momento, hoje, mais precisamente, faz 33 anos de idade e só agora está a cerca de 90% do que era, no antigamente.
Ora, um indivíduo que até estudou psicopedagogia...como é que não admite a doença?! Certo é que por ele próprio e também com a ajuda da MTChinesa e dos seus tratamentos (massagem, ventosas, acupunctura, etc.) é que tem conseguido ir em frente. Mas pergunto: trabalho? Onde o há para pessoas com este background? No entanto, explorando as suas capacidades, sei que é multiversátil e competente...mas a auto-estima está em baixo e não acredita nele próprio.
Tudo começou por ser muito bom aluno e nunca lhe ter passado pela cabeça não conseguir entrar em medicina...é evidente que, sem sabermos, provavelmente, já existia um défice nos seus genes...mais um desgosto da perda de uma união de facto, com a existência de um filhinho muito amado...tudo se agravou e foi o culminar do desgosto/desespero.
Damos Graças a Deus e só ELE poderá curar o meu filho quando ELE assim o entender.
Muito bom este seu texto que infelizmente é cada vez mais actual.
Forte abraço
Mer e família

De Laurinda Alves a 18 de Janeiro de 2011 às 21:10
Querida Mer, fiquei sem palavras depois da sua partilha. Que difícil toda esta realidade de que fala e que duro ver um filho sofrer assim. Felizmente ele está em fase de recuperação e ainda que não admita todo o passado recente, o importante é que continue a recuperar a alegria, a confiança e o equilíbrio. Desejo-vos as maiores felicidades e muita força e coragem. Um abraço especial e obrigada por confiar neste grupo alargado de visitantes do blog para fazer a sua partilha.
De retiro do Éden a 19 de Janeiro de 2011 às 13:28
Amiga Laurinda,
Esta família agradece do coração a sua amabilidade e gentileza...assim como, a solidariedade demonstrada pelo que estamos a passar.
Fez ontem um ano que o nosso filho está em voluntariado no ELO Social prestando trabalho, de certo modo, na área da psicopedagogia. Existe uma vaga para monitor. Ele está a lutar/trabalhar por esse lugar...mas achamos que ainda é difícil ele o conseguir...pois ainda não está no "tal ponto" adequado...só porque a sua auto-estima, numa escala de 0 a 10, neste momento, tem para aí 5.
Ainda ontem, à conversa com a Prof. Primária dele (pois mantivemos uma grande amizade)...esta referia e relembrava o seu menino de rosetas vermelhas e olhos muito abertos a contar o que se tinha passado no recreio e o que tinha achado injusto/justo...enfim, extrovertido, exigente e sempre protector dos fracos...
Actualmente tem receio de falar/introvertido...receio de colocar os seus pontos de vista, quer pessoais, quer do que aprendeu durante o curso de psicopedagogia.
Os que privaram com ele, a nível de Educadores/Prof. desde o Infantário, passando como referi acima, pela Primária, pelo C. Militar e pela Faculdade...todos o estimam e nem acreditam no que um ser humano se pode tornar. O próprio Director do Hosp. Miguel Bombarda, (onde o nosso filho e a mãe do nosso netinho abriram um atelier de psicopedagogia) e também responsável pela área de Psicopedagogia na Univ. Moderna, ao saber como ele estava, deslocou-se a visitá-lo, quando estava internado, ao Hosp de S. Maria. Dizia esse Prof. Dr. que tomara ele que os alunos que ainda estavam na Moderna tivessem a capacidade e os conhecimentos do nosso filho. Lamentavelmente, já lá vão sete, a caminho dos oito, anos...e ainda anda a marcar passo (como fez também ao longo de oito anos no CM.) Agora, no ELO, os colegas acham-no esquisito...até falam em seu desabono...ao Director desta IPSS.
Como lhe vêem bastantes capacidades a vários níveis, pensamos que receiam exactamente por essas capacidades natas que ele possui.
A sociedade deveria estar preparada espiritualmente, para dar a mão/apoio moral, a quem precisa...e ele só precisa que acreditem nele novamente, e não venha outro dissabor com outra "fulana" para acabar com o resto que lhe falta em saúde...pois nem tem autorização da mãe para ver o próprio filho, já com 10 anos...sendo ela uma psicopedagoga também...nem conseguimos entender este procedimento.
Desculpe ter voltado aqui...mas gostava muito de ficarmos a conhecermo-nos melhor...pois o que aqui escrevo são verdades e infelizmente é o que se está a passar no "real"... vejo por aí facebooks de certas pessoas que conheço e sei que o que lá está não é nada do que são...não consigo fazer uma coisa dessas...gosto da transparência mesmo sendo assim...virtual!
Forte abraço
Mer e família
De Cristina Torrão a 19 de Janeiro de 2011 às 12:19
Desculpem intrometer-me, mas o testemunho da (ou do?) Mer impressionou-me. É muito difícil dar opiniões sobre casos/pessoas que não conhecemos, mas há uma frase que me saltou à vista: "Tudo começou por ser muito bom aluno e nunca lhe ter passado pela cabeça não conseguir entrar em medicina". O seu filho será exigente demais consigo próprio, pondo-se objectivos altos demais? Estaria ele obcecado com o atingir da perfeição? Isso, aliado a uma incapacidade para gerir desilusões, pode muito bem ter sido a razão para a sua doença. Nesse caso, talvez fosse bom saber porque isso acontece (peço desculpa, mas essa coisa dos genes não me parece a melhor explicação). A melhor ajuda seria um bom psicanalista/psicólogo que fosse ao fundo dessa questão.

Como digo, assim sem conhecer o caso, é difícil dar sugestões. Presumo que já tenham tentado muitas coisas, até uma psicoterapia ou psicanálise. Mas, às vezes, uma terapia falha por a "química" entre psicólogo e doente não funcionar... A medicação que ele tomou inicialmente, por exemplo, não parece ter sido a melhor coisa a fazer...
De Cristina Torrão a 18 de Janeiro de 2011 às 19:46
"Quem está á volta tantas vezes relativiza : é do inverno, é do trabalho..."

Eu não sou apologista do relativizar. Porque o relativizar pressupõe o ignorar de algo que nos preocupa ou atormenta. Por mais trivial que seja a razão, é importante criar empatia e compreensão pelos problemas dos outros. Mesmo que nos pareçam irrisórios. Ao relativizar algo temos a sensação que estamos a aliviar uma pessoa do problema, mas fazemos o contrário: mostramos incompreensão, transmitimos a mensagem: tu só te preocupas com bagatelas. Isto pode pôr as pessoas tristes, diminui a sua auto-estima.

Por isso: muito cuidado com o tão apreciado "relativizar"!
De Laurinda Alves a 18 de Janeiro de 2011 às 21:12
Cristina hoje as minhas respostas aos vossos comentários ficam todas arrumadas fora do lugar, mas enfim, como eu costumo referir o nome da pessoa a quem respondo, espero que se perceba. Obrigada pelos seus comentários e por insistir na necessidade de não desvalorizar nem relativizar sinais de depressão. Um abraço.
De Laurinda Alves a 18 de Janeiro de 2011 às 21:03
Querida Fernanda o problema é que ao longo da vida todos estamos expostos a pequenas ou grandes depressões, porque ninguém é imune. Daí, também, a necessidade de nos ajudarmos uns aos outros. Obrigada pelo seu comentário. Um abraço
De mundosdesofia a 18 de Janeiro de 2011 às 23:48
Nunca é demais lembrar este problema que afecta tantas pessoas na nossa sociedade. É tão desvalorizado e tao pouco compreendido. Já tive a experiencia de ter uma amiga com uma depressão grave e muitas vezes perguntei-me como não tinha percebido mais cedo? Como não agi antes? O que poderia ter feito de diferente para a situação não ter evoluido daquela forma? Felizmente hoje está bem.
Obrigada por este seu post.

sofia
De Raquel Martins a 19 de Janeiro de 2011 às 10:10
Admito que seja muito dificil ter ânimo em muitas circunstâncias em que a vida nos põe à prova ( perda de pessoas, de esperança, de força, de ânimo, de fome, numa abstinência, que teima em ficar...). Acredito que exista em alguns de nós, quase uma certa pré-disposição genética, para alguns quadros mais depressivos...que têm, muitas vezes que ver, com a vida, e o percurso de vida, de cada um...e a capacidade de ser resiliente aos desafios que diariamente encaramos. Nunca desistir é o príncipio, e quando às vezes, tudo parece ser tão dificil, há sempre a necessidade de podermos valorizar o que ainda temos. A minha avó perdeu os pais com 10 anos e têve que enfrentar a vida desde muito cedo, tornando-se rapidamente a mãe das irmãs mais novas, e o norte de uma pequena casa feita de crianças...Mas apesar disto, continuou a sorrir pela vida fora, e temos hoje o seu exemplo de vida, que nos acompanha de forma inspiradora. Tenho-a como uma verdadeira fonte de inspiração, de luta, que sempre nos disse que apesar de Deus lhe ter tirado os pais, demasiado cedo, lhe deixou umas fantásticas irmãs e lhe trouxe uma Família que tanto a estima e mima. Tudo o que é, e tem, e é tanto, afectivamente, foi construido em cima de muita luta e muitas dificuldades e desilusões. Tal como a Nina Simone cantava - resta-nos a vida e o que somos. Aprendermos a viver com o que temos e tirar partido do melhor que a vida nós vai trazendo no seu devir.. Neste caminho, é nosso dever, ajudar e encaminhar quem connosco se vai cruzando, nestes dilemas e dificuldades. Muitas vezes, não somos capazes de dizer NÃO ou SIM quando assim sentimos, e vivemos num colete de forças, que nos limita e mata, a cada dia (na relação com a família, com os amigos, na profissão)...Há que saber cortar as grilhetas dessa dependência, para podermos assumir as pessoas que somos, com o respeito e o amor, que cada um merece. À MER, um abraço especial, com a certeza, que o seu filho irá superar toda essa tristeza que o/vos consome...Acreditemos no percurso de cada um, sem cobranças, e sem desapontamentos, iniciando todos os dias um caminho novo, com a certeza de que dispomos do melhor que Deus nos podia dar - VIDA, com uma enorme capacidade de Amar, que nos transforma e redime, a cada momento que passa. Bjs,

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