Domingo, 9 de Janeiro de 2011
Amanhecer e entardecer em Foz Côa

 

Às primeiras horas da manhã já ia a caminho de Foz Côa com o Luís Jerónimo, do Programa Gulbenkian de Desenvolvimento Humano, com quem estou a trabalhar no projecto Entre Gerações. Tínhamos marcado um encontro muito especial com a Associação de Amigos do Côa e representantes da Comissão Nacional da Unesco.

 

 

Começamos o dia numa reunião na Escola Secundária de Foz Côa, onde também estavam presentes o David, a Carolina e a Rita, três alunos do 12º ano envolvidos no projecto Arquivo de Memória, uma iniciativa inter-geracional para construir e recuperar a memória imaterial em Vila Nova de Foz Côa. Ao lado deles, a Inês Melhorado, antropóloga, era uma das representantes da Associação dos Amigos do Côa que se propõe promover a qualidade de vida das comunidades do Vale do Côa criando relações de proximidade entre gerações, envolvendo estudantes e utentes de lares e centros de dia na produção de conhecimento e recuperação da memória desta região.

 

 

Este dia passado em Foz Côa foi absolutamente especial e marcante para todos os que estivemos presentes, pois para além do apoio inaugural que a Fundação Calouste Gulbenkian está a dar a estes projectos há ainda a possibilidade de a UNESCO também vir a dar a sua chancela contribuindo, com isso, para que tudo evolua no tempo e não se perca por falta de apoios ou estímulos. Toda esta zona já é considerada duas vezes património mundial, uma pela Arte Rupestre do Paleolítico e outra por se tratar do Douro Vinhateiro, mas esta iniciativa inter-geracional de Arquivo de Memória pode reforçar ainda mais a identidade educativa e criativa do Vale do Côa.

 

 

No grupo alargado que hoje se juntou à volta deste projecto há pessoas com percursos de vida admiráveis, no sentido em que vivem apostadas em sensibilizar toda a comunidade para a necessidade de reforçar laços e adquirir competências para fazer deste lugar maravilhoso, mas também isolado e inóspito, uma zona de progresso e fixação das novas gerações. Para além dos directores de escolas, dos provedores da Santa Casa da Misericórdia, do presidente da Câmara, dos engenheiros e arqueólogos e ainda do 'estado-maior' da Associação dos Amigos do Côa, estavam as duas representantes da Unesco e nós os dois, em representação da Gulbenkian, e aquilo que todos celebrámos num almoço de mesa comprida na Quinta da Ervamoira foi justamente a possibilidade de funcionarmos como motores uns para os outros.

 

 

Saímos de Foz Côa depois do entardecer, mas com a sensação de missão cumprida nesta fase pós embrionária em que tudo começa a ter uma forma cada dia mais definida. Valeu a pena ter conhecido todas estas pessoas e ficarmos em contacto a partir daqui. Este é apenas um dos sete projectos com os quais vou trabalhar nos próximos meses, mas confesso que estar com gente empreendedora e capaz de transformar a paisagem social, me enche de confiança para o futuro e de certezas para a vida. Percebo a magia deste vale onde o passado remoto se mistura com um presente inspirador e luminoso, que se abre a um futuro promissor.

 

publicado por Laurinda Alves às 22:59
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4 comentários:
De João a 12 de Janeiro de 2011 às 13:37
Uau!
Mas que bela forma de começar um ano com a concretização de projectos.
Estou ansioso por ler o livro com o Pe Alberto e de assistir aos portugueses que entrevistou e conheceu além fronteiras.
O projecto que agora retrata é também muito interessante e pode ainda despertar vontades em outros pontos do nosso país. Conheço relativamente bem essa zona do país, pois aí trabalhei durante 4 meses.
Quero ainda sublinhar que ao tomarmos conhecimento das suas acções, do seu trabalho junto de outros e da divulgação de alguns projectos fica uma certeza: Somos capazes.
A forma como a Laurinda apresenta a sua substância e como a quer tratar ( palestras com grandes Humanistas, Exercícios Espirituais), a sua cidadania ( chamada de atenção para pequenas grandes coisas), a sua solidariedade ( emprestando voz e corpo a tantas iniciativas pelo bem comum), os seus valores ( família, amigos) é um importante testemunho.
Os tempos de hoje são realmente muito difíceis. Não serão menos nem mais difíceis do que noutros tempos. Contudo, acredito que se cada um de nós for capaz de agir, de respeitar e de se fazer respeitar a nossa sociedade, a nossa vizinhança, a nossa família pudera crescer e superar a crise.
Contudo, não esqueçamos que existe vida(s) para além da crise ( refiro-me ao empobrecimento material). Depois de saciada a fome do não ter o que comer, o que vestir, de como pagar a renda de casa, pensemos na educação dos nossos filhos.
Acredito que a melhor forma de vencer esta crise é apostar numa sociedade mais justa.
Penso que isso começa a ser preparado com a educação, com a preparação das famílias para a chegada de um filho.

Que a presença do Natal seja uma constante em 2011 para assim melhore superarmos os nossos desafios e ajudar aqueles que mais próximo de nós também precisa
De Fernanda Matias a 12 de Janeiro de 2011 às 14:15
Olál Laurinda
Que belos projectos e que belos trabalhos.
Comento o que nos mostra, em concordância total com o que o João escreveu. È tudo isso que sinto.
Ensinemos os mais novos a respeitar e aprender a arte, a natureza e a sociedade em geral. Se formos capazes de fazer isso, os mais novos nunca serão excluídos do que é fundamental.
Fçamos isso para que o futuro ( que se diz) seja já presente, construído e vivido.

Um grande abraço

Fernanda Matias

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