
Morreu o meu tio mais velho e um dos tios mais especiais para toda a família. Ontem e hoje são dias de abraços e lágrimas, mas também de celebrar uma vida que gerou outras vidas e deixou tantas marcas em todos. O meu tio tinha 92 anos, mas continuava a ter uma lucidez invulgar. Era um homem com uma personalidade forte, com tudo o que isso tem de virtudes e defeitos. Pai dos meus primos mais velhos e de uma prima mais nova que eu, que nasceu muitos anos depois dos seus irmãos, vive agora através do coração dos seus três filhos. Esta noite estivemos juntos em Coimbra e fomos recordando episódios e coisas da vida da família. Aprendi com este meu tio várias coisas, algumas delas muito práticas e concretas. Deixo aqui duas, por serem porventura as mais partilháveis. O meu tio ensinou os filhos a serem poupados e a gerir bem o dinheiro mas abriu uma excepção: podiam comprar todos os livros que quisessem, desde que os lessem. Esta atitude multiplicou os livros nas prateleiras de casa, mas também multiplicou neles o interesse pela leitura. Por causa deste meu tio e do exemplo feliz dos meus primos eu fiz o mesmo com o meu filho, com resultados igualmente estimulantes. Outra coisa que aprendi com este meu tio, que era padrinho do meu irmão mais velho, foi a ser generosa com os irmãos dos meus afilhados. O meu tio era muito generoso com o meu irmão, por ser seu afilhado, mas também era connosco. De tal forma, que também nós recebíamos presentes especiais no dia dos anos do nosso irmão! Parece um detalhe mas não é, acreditem. Deixo aqui esta imagem da beira-lago em Montreaux, com o Mont Blanc ao fundo e árvores com espanta-espíritos pendurados nos ramos, por ser um cenário muito familiar ao meu tio. Aliás foi o cenário da última viagem fez, há pouco mais de duas semanas. Cruzamo-nos no aeroporto sem nos vermos, eu a chegar com a minha mãe e ele a partir com a filha e os netos. Nesse dia tive pena de não lhe poder dar um abraço e agora tenho ainda mais pena por ter ficado para sempre por dar.
P.S.: Esta semana está muito marcada por duas grandes perdas e deixo aqui mais um abraço especial ao António pelo seu pai. É sempre cedo para perder um pai, mas especialmente quando temos vinte anos...
De mafalda a 15 de Setembro de 2010 às 16:28
Sinto muito Laurinda. Como a compreendo eu que tenho ainda um avô já com 94 anos.
Abraço mafalda
De Anónimo a 15 de Setembro de 2010 às 16:32
Querida Laurinda
É esta intimidade partilhada que nos aproxima a todos .Apesar de , com cada pessoa que parte partir também um pouco de nós ,de certeza que deste tio terá ficado muito no coração de todos os que com ele conviveram .O abraço que fisicamente não foi dado ,é dado também neste modo de relembrar alguém que lhe ensinou muito .
Uma fotografia de um lugar de certeza com muito significado para si , mas também de um lugar lindíssimo e que "transpira" paz .Curiosamente, o espanta - espíritos mesmo se abanado pelo vento , lembra-me o silêncio .Tenho um cujo som escolhi entre muitos e que está perto de uma janela que por vezes abro mais para escutar todos os seus sons .
Um abraço com muito carinho , alargado à família mais próxima .
P.S.:um abraço para o António pela perda de alguém tão importante ainda na sua vida ,tão cedo .
Minha querida...
...um abraço especial a si e a toda a sua família. Apertado. Bem apertado!
Para o António que não conheço, um abraço também. Igualmente apertado. Ou ainda mais apertado pporque realmente não quero conceber essa dor e essa perda no meu filho de 20 anos!
Isabel e Pedro
Olá Laurinda, antes de mais o meu pesar pela perda, mas que não perde, pois ele estará sempre vivo, onde quer que você queira que ele esteja, ele estará lá, sempre no seu coração. Um dia li um poema que publicou na revista XIS, e que me inspirou para escrever um livro sobre esta fronteira, hoje acho que este poema é para si, do seu tio, com todo o respeito, mas de certeza que todos os que partem gostavam de nos dizerem isto:
A morte nada é.
Eu apenas estou do outro lado
Eu sou eu, tu és tu.
Aquilo que éramos um para o outro
Continuamos a ser.
Chama-me como sempre me chamaste.
Fala-me como sempre me falaste.
Não mudes o tom da tua voz,
Nem faças um ar solene ou triste.
Continua a rir daquilo que juntos nos fazia rir.
Brinca, sorri, pensa em mim,
Reza por mim.
Que o meu nome seja pronunciado em casa
Como sempre foi;
Sem qualquer ênfase,
Sem qualquer sombra.
A vida significa o que sempre significou.
Ela é aquilo que sempre foi.
O “fio” não foi cortado.
Porque é que eu, estando longe do teu olhar,
Estaria longe do teu pensamento?
Espero-te, não estou muito longe,
Somente do outro lado do caminho.
Como vês, tudo está bem.
Henry Scott Holland.
Um abraço sincero para si e toda a família,
Carlos Almeida
De
Vera a 15 de Setembro de 2010 às 18:26
Laurinda, em primeiro lugar um beijo. Não sou muito boa com as palavras nestas ocasiões. talvez porque a perda que a morte me transmite me rouba o que poderia sr dito, ou não. Acho que não há palavras que reconfortem quem perde alguém. Querido.
Este seu post fez-me pensar muito em algo que me tem ensombrado ultimamente. O meu sogro tem 81 anos. Uma vida cheia de alegrias, de viagens, da tristeza de ter perdido a sua companheira de vida quando íam apenas nos 60. A alegria de ter encontrado outra pessoa, mais nova, com quem refez a sua vida e de quem todos nós, Filhos e Netos, gostamos muito. Mas a idade começa a atormentá-lo, a fazê-lo pensar e verbalizar muitas vezes a ideia de que já lhe falta pouco. Isto preocupa-me e põe-me triste. POrque gosto tanto dele e sei que vou sentir tanto a sua falta quando partir. É terrível. Ando numa fase triste.
Para o António, de 20 anos, um beijo enorme. Um abraço apertado e o desejo de que seja forte numa dôr que não tem limites em idade nenhuma, ainda mais quando se é tão novo!
De Georgina Matos a 15 de Setembro de 2010 às 20:37
Querida Laurinda,
Um beijo muito sentido da minha parte, partilhando com a sua Família (em especial, com a Sra. D. Helena!) este momento de dor, mas que nós na fé, somos convidados a olhar mais além.
Aproveito para lhe deixar um texto de Sto. Agostinho, que ficou escrito na pagela-memória da minha querida Mãe. Espero que dê força também ao António e a minha solidariedade para com este jovem de 20 anos.
"Se me amas, não chores...
Se conhecesses o mistério imenso do Céu
Onde agora vivo, este horizonte sem fim,
Esta luz que tudo reveste e penetra,
Não chorarias, se me amas!
Estou já absorvido no encanto de Deus,
Na sua infindável beleza.
Permanece em mim o teu amor,
uma enorme ternura que nem tu
consegues imaginar.
Vivo numa alegria puríssima.
Nas angústias do tempo, pensa nesta casa
onde um dia estaremos reunidos para além
da morte, matando a sede na fonte
inesgotável da alegria e do amor infinito.
Não chores se verdadeiramente me amas."
Sto. Agostinho
De Manela a 15 de Setembro de 2010 às 22:16
Um beijinho cheio de força e coragem...
Querida Laurinda, um abraço forte para si. Outro para o António - perdi o meu pai quando tinha 21 anos. Obrigada por partilhar consigo dois dos ensinamentos que o seu tio partilhou consigo. Beijos.
De luz-estelar a 15 de Setembro de 2010 às 23:49
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De
Marcolino a 16 de Setembro de 2010 às 01:12
Querida Laurinda,
Um abraço...!!!
Marcolino
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