Acabámos o ciclo de entrevistas em Berlim com a Filipa César, artista performativa, realizadora e fotógrafa que nasceu no Porto, mas vive e trabalha aqui. E também no Porto, às vezes. Subimos ao último andar do prédio onde tem o seu atelier, ao lado de muitos outros artistas, e ela mostrou-nos umas escadas vertiginosas que levam ao telhado mais alto, sobre os outros telhados da cidade.
Não resistimos àquele cenário e subimos todos, primeiro os rapazes com as câmaras, depois ela, e a seguir eu. As vistas lá de cima são de cortar a respiração e ainda bem que nenhum de nós teve vertigens porque era caso para isso. Estava vento e frio mas não foram suficientes para impedir a conversa nem as gravações.
A panorâmica desta espécie de terraço é enorme e vê-se grande parte da cidade de Berlim, em especial algumas zonas industriais. A Filipa César está habituada a fotografar e a realizar filmes e, por isso, sabe escolher enquadramentos.
Toda a conversa foi muito interessante, até porque a área artística da Filipa não está padronizada e ela própria é, de certa forma, incatalogável. Os seus filmes têm sempre um valor documental e uma expressão artística muito marcantes e, nesta lógica, todo o seu trabalho escapa a uma definição ou rótulos, mas nem por isso é menos reconhecido. Muito pelo contrário.
Não podendo nem querendo revelar aqui o conteúdo do que gravámos para um programa que há-de passar na RTP e na RTP Internacional a partir de Setembro, gostava de sublinhar a profundidade existencial e intelectual da Filipa César, e dizer que embora a conversa tenha sido longa, ficou muito mais por dizer do que aquilo que conseguimos gravar. Falámos naturalmente dos seus filmes e documentários, do facto de ser uma 'workaholic' e de adorar morar em Berlim.
A Filipa César sente-se em casa nesta cidade, onde tudo acontece e onde a sua expressão artística é reconhecida entre pares, mas também por um público exigente e informado. Berlim é uma terra de oportunidades e, por isso, é aqui que quer permanecer nos próximos anos.
Falámos dos seus próximos projectos e das suas últimas obras e acabámos por nos deter no seu filme/instalação Le Passeur, patrocinado pela Ellipse Foundation, onde foi exibido no Verão de 2008. Trata-se da história de quatro amigos minhotos sem filiação partidária que se dedicaram a passar clandestinamente refugiados políticos e desertores da guerra colonial entre os anos de 1971 e 75. Até à Revolução, portanto. A motivação destes amigos era fazer oposição à ditadura e embora não tivessem nenhuma orientação partidária acabaram por servir vários partidos e ideologias que eram contra o regime.
Rainer Werner Fassbinder, o lendário actor e realizador alemão mais emblemático da Geração do Novo Cinema Alemão, tem uma importância muito forte e transformadora na vida e obra da Filipa, que assume esta mesma influência com paixão. Fassbinder morreu muito novo, aos 37 anos, e viveu uma vida de excessos, sem limites, mas a sua energia criativa, a sua sensibilidade às questões sociais, o seu pensamento cinematográfico, o seu sentido estético e a sua intensidade dramática fizeram escola e deixaram muitos seguidores. Percebo-os.
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