Terça-feira, 10 de Fevereiro de 2009
Estas são as notícias que me derrotam

Voltei ao computador depois de uma manhã cheia e ao aprovar os comentários do blog dei com a terrível notícia de um aluno dos Salesianos que se suicidou aos 14 anos. Margarida Antunes, que não conheço pessoalmente, teve a sensibilidade e a delicadeza de me informar sobre esta trágica perda, até porque ele foi um dos 200 alunos com quem estive no colégio há muito pouco tempo. As questões que a Margarida levanta e as perguntas que se põe são exactamente as mesmas dúvidas e perplexidades que eu própria tenho. O que poderá levar um adolescente de 14 anos a pôr fim à sua vida? Não sei. Nunca saberemos. Imagino a dor dos pais e o drama da família e dos amigos... Aconteceu-me recentemente passar por uma perda semelhante e foi doloroso demais. Por um lado, porque nenhum de nós percebeu que isso podia acontecer e, por outro, porque este nosso amigo era um homem aparentemente equilibrado e razoavelmente feliz. Excelente pai, excelente filho, óptimo amigo, invulgarmente inteligente e com um sentido de humor muito fino, não era possível adivinhar o sofrimento interior em que vivia. Só percebemos depois mas foi tarde demais. Estas são as notícias que me derrotam e agora confesso que fiquei desmoralizada.

publicado por Laurinda Alves às 14:46
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56 comentários:
De Ana a 10 de Fevereiro de 2009 às 15:01
Laurinda

Que notícia triste!!

É sempre tão bom ler o seu blog mas hoje fica um sentimento amargo! Felizmente, nunca vivi de perto essa realidade mas muitas vezes me questiono como é possível alguém estar tão desesperado que não consegue vislumbrar uma pequenina luz no fundo do túnel?
As pessoas, nós, somos um "lugar estranho".

Ânimo para estes momentos difíceis

Ana
De Laurinda Alves a 11 de Fevereiro de 2009 às 14:36
Ana tem toda a razão, nós somos um lugar estranho...Obrigada pelas linhas que escreveu e por esta metáfora tão literal. Abraço!
De Augusto Küttner de Magalhães a 10 de Fevereiro de 2009 às 15:02
Efectivamente uma noticia desta desmoraliza, derrota! Porquê aos 14 anos? o que se passou? o que aconteceu, que não me permitiu pedir auxílio? Talvez se fôr - não sei como?, talvez, por amigo? - perceber-se o que fez isto fazer, faça com que se posa evitar, que se epita, com alguma frquência! É horrivel ver alguém tão jovem, desistir de estar Vivo!
De Laurinda Alves a 11 de Fevereiro de 2009 às 14:38
É horrível, sim. E provoca em nós um cúmulo de sentimentos de impotência, frustração e perplexidade... um abraço!
De Nucha a 10 de Fevereiro de 2009 às 15:57
Laurinda,
Também fique devastada com esta noticia...Tenho um filho com 15 e fico perplexa...e a dor daqueles pais... Meu Deus!!! Mas porquê??!!Como é possível uma criança por termo á vida...
Um Abraço!
De Augusto Küttner de Magalhães a 10 de Fevereiro de 2009 às 16:20
É isso que se tem que perceber. Como e porquê???????
De Laurinda Alves a 11 de Fevereiro de 2009 às 14:40
Nucha, nós que somos mães e temos fihos nestas idades não podemos deixar de nos interrogar e, ao mesmo tempo, de valorizar não apenas a vida dos nossos filhos como as dos amigos dos nossos filhos. Quanto mais próximas estivermos de uns e outros, mais possibilidades teremos de os influenciar positivamente... Um abraço!
De Ana C a 10 de Fevereiro de 2009 às 16:05
Pois eu não quero imaginar a culpa que consome um pai quando um filho tira a própria vida. O que é que eu não vi, como é que eu não soube, onde é que falhei?
Perder um filho é uma tragédia, perder um filho assim derrota qualquer um...
Entendo o seu estado de espírito.
Um beijinho
De Laurinda Alves a 11 de Fevereiro de 2009 às 14:42
Ana C, como alguém disse num comentário a este post que foi mais uma partilha corajosa e generosa de uma situação vivida por um irmão, do que apenas um mero comentário, perder alguém desta maneira muda a vida para toda a vida. E derrota-nos sempre, claro. Obrigada pelo que escreveu. Abraço!
De Augusto Küttner de Magalhães a 10 de Fevereiro de 2009 às 16:20
Hoje 3ª f, penso ser o dia de auxilio da Laurinda nos Cuidados Paliativos, trabalho extremamente meritório, e dificil com o pensamento, também, neste caso de alguém com 14 anos, que deixou de querer estar vivo! Sendo os C.P. algo de muito necessário e importante, penso que por vezes se perde tempo noutras discussões, em que as posições já estão extremedas antes de se começar a discutir, e talvez fosse de se pensar, como evitar que estes suicidios aconteçam - estão a ser muitos, demasiados! Ainda bem que não são escondidos!!!!!!!A Laurinda tem toda a sensibilidade e cariz, para dar força a que se deixe ao máximo de vermos jovens a deixar de querer estar vivos! Um aparte ,espera-se que se os pais forem católicos e quiserem um enterrro católico não apareça um padre - como aquele - a recusar-se!!!!!!!!!
De Laurinda Alves a 11 de Fevereiro de 2009 às 14:45
Augusto acho graça lembrar-se das minhas terças-feiras nos Cuidados Paliativos. Quer dizer que está muito próximo e muito atento. Desde que a minha mãe esteve internada no hospital que os meus dias de voluntariado nos Cuidados Paliativos ficaram alterados e agora, que ela saiu do hospital e até está em minha casa, os cuidados de cabeceira são prestados no domicílio. No meu próprio domicílio, quero dizer. :) Abraço. Em breve retomo as terças na Luz!
De Alminhas a 10 de Fevereiro de 2009 às 17:08
Olá Laurinda!
Acompanho todos os dias/varias vezes ao dia, o seu blog. Adoro a sua escrita mas acima de tudo a sensibilidade que deixa transparecer, bem como a sua humanidade.
Ando para comentar o seu blog, já por inúmeras vezes... mas agora quando li este seu último post ... decidi que seria hoje. Isto porque conheço um pouco essa realidade, que relata ... O meu pai suicidou se à 9 anos, andava eu no meu 3 ano da universidade 20 anos ). E foi do mais complicado que vivi e vivo até hoje. Todos me dizem que o tempo sara tudo, e que já passou muito tempo, há que seguir a vida!! Não sei se ainda acredito, nessa frase... sei que a vida muda completamente, é uma reviravolta brutal, em que se perde todo o nosso chão...
Agravante ... fazemos anos no mesmo dia!! Recorda-se com carinho, e muita saudade... enfim...
Mas temos que ganhar coragem e encarar cada dia com muita força. Uns dias consegue-se mais outros menos... mas vida tem que continuar!
Resta me desejar a MAIOR / CORAGEM e FORÇA aos pais, do menino.
Beijinho
De Laurinda Alves a 11 de Fevereiro de 2009 às 14:48
Muito obrigada por esta partilha de vida que faz e por nos despertar a todos para esta realidade de sofrimento e de dor que o tempo não cura nem apaga. Agradeço a generosidade e a coragem da partilha pois nunca é demais falar destas questões e sublinhar que há acontecimentos que nos marcam para sempre e nos condicionam para o resto da vida. Condicionam a nossa alegria e a nossa capacidade de estarmos inteiros, entre muitas outras condicionantes. Abraço enorme! E coragem para o dia-a-dia...
De Alexandra a 10 de Fevereiro de 2009 às 18:03
Olá Laurinda...
Não se irá saber o que além do desespero , levou a menina a cometer essa loucura mas desde já deixo o meus sentimentos aos pais. Força.
Não é e nunca se sinta derrotada. É uma pessoa que muito admiro pelo seu trabalho, empenho e dedicação. Gostava também de ajudar e conhecer essas pessoas fragilizadas que com atenção, amor e carinho já se ajuda muito. É o que faz e muito bem. A Laurinda é o que chamo de "LINDA PESSOA".
De Laurinda Alves a 11 de Fevereiro de 2009 às 14:50
Muito querida, Alexandra. Muito obrigada por ver apenas o meu lado luminoso...como sabe todos temos o nosso dark side e eu não sou excepção. Daí agradecer a maneira querida como sublinha o que porventura há em mim de melhor. Um abraço!
De Moura Aveirense a 10 de Fevereiro de 2009 às 18:59
Recordo-me de ler o livro "Ninguém morre sózinho", de Daniel Sampaio, e ele dizer que uma pessoa, antes de se suicidar, deixa sempre "sinais", "mensagens" à família, amigos... é preciso estar atento a elas...
De Augusto Küttner de Magalhães a 10 de Fevereiro de 2009 às 19:50
Tenho muita consideração pelo Daniel Sampaio como Psiquiatra e como alguém que estuda/ajuda os nossos jovens. Efectivamente os psiquiatras defendem que por vezes se passam sinais, mas por certo não será tao facil "apanhá-los", principalmente hoje, com tanta barafunda a tantos niveis. Não é facil, mas não será impossivel. as depressões não judam, o desanimo, e por vezes um pequeno desaire pode ser fatal. Sendo que nm todos somos iguais, somos /são alguns mais sensiveis e por vezes é algo de muito mau. Penso que os mais sensiveis estão mais sujeitos a teem dificuldade em superar algumassituações, ma para isso haja auxilio, mas os Pais por principio se o foram= pais, não podem ser culpados, moralmente....precisam, agora é de animo, para lutar para estarem vivos, e por o estarem!
De Laurinda Alves a 11 de Fevereiro de 2009 às 14:52
É verdade isso mas acontece-nos frequentemente não perceber os sinais ou não os sabermos ler ou decifrar e isso é brutal quando já é tarde demais... Um abraço e obrigada por esta proximidade sempre tão querida e atenta no blog.
De Keratina a 10 de Fevereiro de 2009 às 19:08
Laurinda,

Por várias razões pessoais este tema interessa-me muito.
E pareceu-me bizarramente familiar a descrição que fez da "aparente" vida do seu amigo que partiu.
No caso de se deparar com algum tipo de informção útil neste campo: grupos de terapia, literatura, ou alguma associação, agradecia a partilha.
Um beijinho grande pela pertinência do assunto e pelo interesse.
De Laurinda Alves a 11 de Fevereiro de 2009 às 14:54
Keratina há na Associação A Nossa Âncora um grupo de pais em luto que perderam os filhos por suicídio e aconselho-a a entrar em contacto com a Associação de forma a pedir contactos, informações e até bibliografia. Um abraço.
De Su a 10 de Fevereiro de 2009 às 19:51
Minha querida, passei depressa só para a ver e não pude deixar de a comentar... Estas noticias deixam-nos estarrecidos...E a mim sufoca-me o facto de se tornarem cada vez mais frequentes!
No dia 18 de Janeiro um primo meu afastado, que nem conhecia pessoalmente, fez o mesmo que esse menino de 14 anos... Suicidou-se no dia em que fazia 18 anos! São situações familiares indescritíveis... as dores, as raivas, as angústias, as dúvidas que ficam nos mais próximos são aterradoras...
Um beijo
De Laurinda Alves a 11 de Fevereiro de 2009 às 14:56
Su, que difícil também essa realidade de que fala. E que dor a dos pais e de toda a família e amigos... Nunca saberemos o sofrimento que vai dentro das pessoas que põem termo à vida, apenas sabemos que se torna insuportável e isso é que nos magoa e nos faz pensar que todos temos a obrigação de andar mais atentos aos mais frágeis e aos mais vulneráveis da sociedade. Um abraço!

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