A notícia saiu neste mesmo P2 de terça-feira passada: a cadeia televisiva ABC começou a angariar conteúdos para alimentar uma hora de programação diária durante seis semanas consecutivas, a apresentar em horário nobre. A experiência i-Caught arranca já em Agosto e pretende transformar os cidadãos em jornalistas-reporteres.
A ideia de chamar os cidadãos a participar activamente nos conteúdos televisivos é entusiasmante e criativa, especialmente porque vivemos numa era em que os recursos abundam e as oportunidades de os usar se multiplicam à velocidade da luz.
Este projecto lembra-me duas conversas particularmente fascinantes que tive com o Diogo Vasconcelos sobre o universo da net e as suas infinitas possibilidades. Diogo Vasconcelos é, como todos sabemos, um grande especialista na matéria e um homem muito à frente no tempo, com uma visão muito ampla e precisa sobre a modernidade e a inovação tecnológica. A ideia de levar as pessoas a fazer e a publicar diariamente os seus comentários e críticas ou a fabricar conteúdos jornalísticos, fotográficos ou cinematográficos não é nova mas continua a ser inovadora. Começou na Internet, com os blogues e o YouTube e agora vai ser definitivamente importada para a televisão.
A CNN foi a primeira estação de televisão norte-americana a entrar no jogo dos chamados ‘vídeos virais’, que circulam diariamente na net, quando foi buscar imagens da guerra no Líbano ao YouTube para o programa i-Report.
Outras estações de televisão dentro e fora dos Estados Unidos usaram de forma mais ou menos avulsa imagens colhidas por cidadãos comuns em situações de guerra, de catástrofe ou de crise. Falo, por exemplo, das imagens do atentado terrorista no Metro de Londres em 2005, feitas a partir de telemóveis de sobreviventes, ou das imagens arrepiantes que correram o mundo e mostravam os passos dados por Cho Seung-Hui em pleno ataque e tiroteio na Universidade Virgínia Tech.
Em Espanha já existe o YoPeriodista, jornal integralmente escrito e fotografado por cidadãos comuns e os exemplos desta forma de contributo social multiplicam-se na vida real e virtual.
É bom saber que todos podemos participar activamente na produção diária de notícias mas também é bom perceber que esta conquista nos leva tanto mais longe, quanto melhores forem os critérios de quem fabrica e de quem edita os conteúdos. Ou não?!