Embora as imagens valham mais que mil palavras, não posso deixar de legendar este filme-surpresa do meio da nossa tarde de trabalho: Ion Rotaru, o moldavo que trabalha na loja das flores do andar de baixo, subiu ao segundo andar para oferecer uma rosa branca a cada uma das mulheres presentes, on duty. Foi o momento do dia. Adorámos, claro. Pelo gesto, pela alegria e generosidade, mas também pela maneira terna como o Ion ofereceu uma rosa a cada uma de nós. Eis a minha rosa, no meu canto desta enorme mesa onde todos nos sentamos de forma muito democrática, entre pares e chefes. As rosas brancas vieram da loja Em Nome da Rosa, que é um espaço de uma beleza exuberante, exaltante, que todos temos que atravessar à entrada e à saída do escritório. Um poema.
Acho graça às diferenças de arquitectura mental e afectiva entre homens e mulheres. Uma mulher nunca se lembraria de parar no meio da rua para fotografar o motor de um carro (a não ser por motivos profissionais, claro. Ou por ser corredora de automóveis ou ter um fascínio 'masculino' por carros), e muito menos para andar à volta, a ver tudo com todo o detalhe. Um homem sim. Não só pára e admira demoradamente o carro e o motor, como fotografa de todos os ângulos e perspectivas possíveis. É gira a diferença entre homens e mulheres e embora este post ilustre apenas uma situação banal ou menor, na vida real há muitos desencontros por causa desta diferença de olhares e atitudes. Para mim, a memória gráfica deste momento serve de post-it mental para não me esquecer de algumas diferenças substantivas, mas também para lhes dar menos importância sempre que tropeço nelas.
O Miguel, cameraman da MovieLight, a ensaiar ângulos e luzes antes de começarmos a gravar uma entrevista que estava pedida há três meses. Elza Pais a Secretária de Estado da recém-criada Secretaria de Estado da Igualdade, deu-me hoje a entrevista que lhe pedi nos dias a seguir à sua tomada de posse.
Os temas ligados à igualdade de oportunidades, igualdade de género e afins davam para longuíssimas conversas. Gravámos cerca de 50' mas a sensação no fim é que ficou mais por dizer do que aquilo que foi dito. Vou desgravar tudo e editar, mas só depois deste trabalho de ajustar a entrevista ao espaço das páginas é que consigo perceber se cabe tudo o que é essencial dizer sobre esta matéria, neste timing.
P.S.: Escrevo este P.S. no sábado, 20 Fev, o dia em que uma parte desta entrevista pode ser vista no ionline ou lida, mais inteira, no jornal i.
Fim de tarde, horas de começar a grande final All Stars, de futebol feminino.
De um lado e do outro do campo, duas equipas de advogadas. As de preto,
por quem fui torcer, eram Linklaters, as de laranja e verde eram Garrigues.
Ganharam as Garrigues por 1-0. Foi pena para nós, os que fizémos
claque pelas Linklaters. Na bancada os comentários dos homens
tinham a sua graça. Uns estavam nervosos com o árbitro (é um clássico)
outros gritavam orientações (outro clássico, os treinadores de bancada)
e ora se indignavam ora apoiavam com gritos do tipo: Obstrução! Olha aí!
Mexam-se! Bem jogado! Granda golo! Penalty! Falta! Não é falta! Chuta!
No fim não faltaram as graçolas: Ó Mourinho, tás contratado pra mister!
Não há troca de camisolas?
Enfim uma final disputada a sério, com direito a taça e gritos de vitória.
Boa Maria, grande jogo e grande equipa!
Go Link, Go Laters, Go Linklaters!!
Na linha dos posts que escrevi hoje sobre as mulheres muçulmanas, recebi este mail e esta fotografia (que vale por mil palavras) e não resisto a publicar com a devida autorização da minha amiga, que está a morar em Singapura com o marido e o filho, de quem morro de saudades:
Laurie,
Ainda a propósito da liberdade da mulher, estas férias estivemos numa praia da Malásia a fazer snorkling e vivi na pele o contraste entre o meu bikini (senti-me nua) e as mulheres que vão para a água tapadas da cabeça aos pés.
Resta-me a certeza (e a consolação) de que tanto elas como eu aproveitámos a beleza do fundo do mar e vivemos um dia bem divertido.
um beijinho cheiinho de saudades.
Maria
Na linha do que escrevi no post anterior e porque existem mil e um blogs,
movimentos humanitários, associações de cidadãos, políticos e media
que lutam por um mundo melhor para as mulheres do mundo islâmico,
não resisto a importar para aqui esta imagem que é claramente uma
provocação mas, ao mesmo tempo, um what if? E se as iranianas e as
mulheres do Afeganistão de repente pudessem descobrir a cara e andar
livremente pelas ruas? Dizem que muitas destas mulheres que os homens
obrigam a andar cobertas nas ruas são lindas. Acredito que haja de tudo e
não é a revelação da sua beleza que importa mas a noção de liberdade. De
poderem decidir elas próprias como saiem e entram nas suas casas.
Esta questão toda faz-me lembrar uma cena que me impressionou uma vez no
aeroporto do Cairo. Uma mulher de burkha preta daquelas que só deixam ver
os olhos, estava sentada na mesa do restaurante a comer com o seu marido.
Aquilo que prendeu o meu olhar foi a maneira como ela levava a comida à boca,
num gesto aparentemente natural mas cheio de complicações dados os molhos
e migalhas que fatalmente vão ficando agarrados ao tecido preto dos longos véus.
Isto para já não falar do copo de água quase impossível de beber naquela figura...
Para uma mulher ocidental como eu, aquela visão era verdadeiramente disgusting.
Pela evidente falta de liberdade daquela mulher, claro, mas também por aquilo em
que nunca tinha pensado. A escatologia da coisa não apetece nada, mesmo.
O véu e aqueles longos panos pretos (ou azuis em certas culturas) não só se tornam
embaraçosos aos nossos olhos como revelam o desconforto acrescentado e nunca
imaginado de estas mulheres serem obrigadas a passar horas a fio a respirar através
de um pano que fica húmido de certeza e, ainda por cima, sujo de migalhas, molhos e
afins, sempre que se sentam à mesa para comer fora de casa.
A questão da higiene, bem-estar e conforto pessoal destas mulheres parece uma questão menor ou lateral? Não acho!
Para alguns pode ser apenas mais um detalhe mas para mim, que também sou mulher e tive a sorte de nascer num mundo mais livre, é um detalhe hiper-realista que me diz que tudo e tanto é demais para elas!
É impossível não ampliar a voz das mulheres que defendem os direitos das outras mulheres. Hoje a Bomba Inteligente mostra a reportagem dos distúrbios no Bangla Desh, provocados por homens que não querem que as mulheres tenham mais direitos.
Note-se que ter 'mais direitos' no Bangladesh, país de fundamentalismos islâmicos, é um eufemismo pois as mulheres não têm direitos praticamente nenhuns.
Aqui fica o vídeo que mostra de forma eloquente que apesar de estarmos no séc. XXI, a história das mulheres continua a não ter nada a ver com a história dos homens...
É impossível ficar indiferente à constituição do novo governo de Zapatero. Anunciado ontem oficialmente perante uma bateria de jornalistas, fotógrafos e câmaras de TV, ficámos a saber que há mais ministras do que ministros e que, pela primeira vez em Espanha, há uma mulher na pasta da Defesa.
Carme Chacón, 37 anos, grávida de 7 meses, foi a estrela do dia. Passou revista às tropas perfiladas com o seu antecessor ao seu lado, e soube manter a pose e o aprumo que a circunstância exigia. A passagem de testemunho entre ministros da Defesa teve um impacto brutal em quem assistiu. Primeiro pela circunstância de Carme ser mulher e depois por estar à espera de um filho que nasce daqui a dois meses.
Esta primeira imagem oficial de Carme Chacón fez disparar instantaneamente a popularidade de Zapatero e do seu novo governo. Mas houve mais! Zapatero apostou forte e decidiu criar uma nova pasta: o Ministério da Igualdade.
Bibiana Aído, de 31 anos, é a nova Ministra do novo Ministério da Igualdade e a sua nomeação não deixa de ser igualmente surpreendente. Passe a redundância, a realidade desta nomeação mostra que Zapatero quer ir muito 'à frente' no seu tempo. Por dar lugar e poder às mulheres e por confiar nas gerações mais novas.
Os 31 anos de Bibiana Aído e a gravidez evidente (e quase de termo) de Carme Chacón dizem muito nos dias que correm. Embora não seja fã de Zapatero tiro-lhe o chapéu pela ousadia com que rasga o horizonte governamental e institucional. Não só investe na competência e inteligência femininas, como não se importa de 'esperar' que a nova ministra da Defesa tenha o seu filho e fique de baixa nos primeiros tempos. Mais, acredita que após o parto Carme continua a ser a mulher mais apta para o serviço.
Zapatero contraria assim a lógica em vigor em muitas empresas, que desaconselham as mulheres a terem filhos para poderem evoluir na carreira e serem produtivas. Pobres empregadores estes que acreditam que uma mulher é mais produtiva e mais eficiente se a sua vida pessoal e a sua evolução profissional forem condicionadas (ou mesmo prejudicadas) pelo facto de quererem constituir família.
Gostei do que vi ontem e fico atenta à performance das novas ministras espanholas e destas duas em particular.
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