Tirei esta fotografia no dia de Carnaval, ao entardecer, numa praia perto de Lisboa. Fui dar um passeio à beira-mar, num dos meus momentos diários de silêncio e reflexão, e foi impossível ficar imune a tanta beleza. Voltei a casa a horas de ver os Telejornais e as más notícias eram dadas com ênfase e repetidas vezes sem conta: duas reportagens seguidas sobre a jovem actriz que foi condenada por tráfico de droga, mais não sei quantas legendas a entrar constantemente a dizer exactamente a mesma coisa que tínhamos acabado de ver. Ou seja, mais do que julgada e condenada pelo tribunal, continua a ser julgada pelos Media e pela opinião pública. Para mim chegava dizerem uma vez e seguir em frente. Ponho-me no papel da família e dos amigos, imagino o doloroso que deve ser lidar com esta realidade da condenação, bem como com o motivo que a levou à prisão, e tenho a certeza que os Media deviam ser mais sensíveis à sensibilidade dos outros, ter mais pudor e objectividade. Infelizmente a lógica que impera na esmagadora maioria dos meios de Comunicação Social é a do "quanto pior, melhor!". É pena que as boas notícias não sejam notícia e se bem que não esteja à espera que os jornalistas e opinion leaders falem da beleza do pôr do sol, também não me apetece estar sempre a ouvir debitar más notícias sem calibrarem a informação com notícias menos más e até boas. Porque a realidade não é só preto e branco. Há muitas cores e matizes, e se todos temos à nossa volta muitas pessoas em sofrimento, revoltadas, injustiçadas ou consumidas de angústia, também todos estamos próximos de outros que não desistem, que criam, inovam, arriscam e conseguem seguir em frente, indo cada vez mais longe e levando muitos consigo.
Felizmente é destas pessoas que esta minha nova série de programas fala: de portugueses que lutam e trabalham porque sabem que o talento também é muito esforço e uma grande dose de responsabilidade. Entrevistei pessoas de todas as condições sociais e de todas as áreas profissionais que contribuem para este país, que não desistem, que não baixam os braços e que sabem que só com muito trabalho é possível fazer caminho. Não pensem que revelo apenas homens e mulheres que vivem de sucesso em sucesso, porque na realidade muitos deles tiveram e têm que ultrapassar muitas dificuldades, e a sua vida foi e é feita de grandes adversidades. A série chama-se FEITOS EM PORTUGAL, por ser uma marca construtiva que revela gente especial, mas também banal como todos nós. Uma marca que sublinha quem são os common heroes dos nossos tempos: pessoas de todas as idades e profissionais de diferentes áreas de especialidade, capazes de levar este país para a frente e de o puxar para cima, lutando, trabalhando, contribuindo e contrariando o negativismo que começa a instalar-se em nós e à nossa volta. Não podemos deixar-nos influenciar só pelos telejornais, porque eles mostram apenas a parte mais negra da realidade. Ela existe, de facto, e é incontornável, mas há mais realidades e mais cores. Felizmente.
José Eduardo Agualusa ontem na garagem da RTP, com as pernas de uma cegonha na mão. As pernas são de madeira mas a cegonha é de papier machê e tem estado sempre presente nas apresentações públicas do seu novo livro Um Pai em Nascimento.
Gravámos o Quarto Crescente que vai ser exibido hoje na RTP 1 a partir das 23h (mas quase de certeza nunca antes da meia-noite) e a cegonha lá esteve sempre entre o Júlio Isidro, anfitrião do programa, e o José Eduardo Agualusa. Foi uma conversa muito tranquila e o tempo voou. Acontece sempre que nos sentimos muito bem uns com os outros, 'em casa', e o Júlio Isidro tem esse dom de saber receber e saber conversar.
Para mim, a surpresa da noite (que pode ser vista esta noite) foi este grupo de músicos portugueses a tocar flamenco. Adoro flamenco e eles são fabulosos. O guitarrista do cabelo gitano chama-se Marco Alonso, é bisneto de espanhóis e talvez por isso lhe corra esta música nas veias. Foi muito bom e aconselho vivamente a ouvirem logo ou em www.myspace/marcoalonsoproject.com
Fico sempre um bocado nostálgica quando vou a um programa de rádio em directo porque me lembro dos meus tempos de rádio, reportagens de mota e madrugadas a acelerar pela cidade para os noticiários da manhã. Falo dos tempos em que fazia reportagens para a TSF e cobria os acontecimentos políticos deslocando-me de mota. Bons tempos! O Aurélio Gomes e a Teresa Gonçalves, do programa Janela Aberta, do RadioClube, recordaram comigo estas e outras memórias, mas a substância da entrevista teve a ver com o Estado da Nação e com aquilo que actualmente temos de melhor e pior. Gostei muito do programa e, acima de tudo do tom e do profissionalismo dos entrevistadores. Muito bom.
Hoje à tarde vou ao programa Portugal no Coração na RTP 1, falar de coisas da vida, causas, blogs, livros, entrevistas e trabalho jornalístico. Vou regularmente a programas da tarde ou da manhã em vários canais de televisão, onde sou convidada a dar opiniões sobre temas específicos e confesso que gosto da descontração, alegria e naturalidade próprias destes programas. Em televisão, o tempo é sempre escasso mas a estas horas rende muito mais. Não conheço pessoalmente o João Baião nem a Tânia Ribas de Oliveira, com quem apenas me tenho cruzado socialmente, e acho graça poder conhecê-los em 'sua casa', no seu programa. Julgo que a minha entrevista em directo começa a partir das 17h mas não tenho a certeza.
Eis uma fotografia de cena, tirada em directo pela própria Tânia, que se interessou pela máquina fotográfica que o meu filho me ofereceu quando decidi criar este blog e ficou com ela na mão durante o programa. A conversa foi leve e alegre, como se esperava, e a Tânia e o João foram muito simpáticos e muito profissionais, como sempre são. Obrigada pelo convite, gostei muito.
O gesto de Manuel Pinho, ontem, deixou metade do país perplexa e outra metade indignada. As declarações do ex-ministro, à saída, deixam-nos a todos sem comentários: "Agora o que quero passar é umas belíssimas férias”. Bonito serviço.
Filipe Morais, um dos fotógrafos coordenadores do jornal i, prepara o estúdio improvisado para uma fotografia ao fundo da redacção. Fui lá acertar os caracteres da coluna, alterar um detalhe ou outro e decidir o nome das crónicas. Por sugestão do Francisco Camacho a coluna passou para a página 7 e tem um fundo vertical amarelo. Adoro estar na página 7 porque este é o meu número da sorte e também é um número mítico carregado de simbolismo.
Já não adoro ser fotografada nem ia preparada para isso. Gosto de naturalidade e detesto poses mas desta vez teve mesmo que ser. Não posso usar mais as fotografias da sequência que deu origem aos cartazes do MEP e com as quais também renovei o blog. Ficaria tudo muito redundante mas, acima de tudo, não faz sentido inaugurar uma crónica num jornal sem uma imagem actualizada e tirada pelos i fotógrafos. Seja. Seguiu-se a alteração do nome das crónicas.
Eis uma perspectiva da redacção do jornal i, a meio da tarde de um dia de semana. O jornal sai todos os dias menos ao domingo e é impressionante ver a quantidade de pessoas envolvidas neste novo projecto. A imagem revela uma grande aposta de um grupo que consegue olhar para a crise como uma oportunidade de crescimento e em vez de despedir, está a contratar. Ao criar um novo jornal, este grupo também cria novos postos de trabalho permitindo a um conjunto de pessoas potenciar os seus talentos e contribuir para transformar a realidade à nossa volta. Nos dias que correm é impossível não registar a coragem.
Paulo Neves, um dos editores, chamou a Rita Pereira, designer, para acertar o tamanho do texto na página e foi enquanto decidíamos qual o título definitivo das crónicas que a Rita, sem querer, lhes deu um nome: Todos os Dias. Na conversa ela proferiu naturalmente esta expressão e eu aproveitei a inspiração do momento para fechar o assunto. Foi assim que as minhas crónicas ficaram baptizadas, por assim dizer. Gosto muito porque é simples e eloquente. Estou muito contente por estar a escrever uma coluna Todos os Dias no jornal i.
Assumo que é aqui, neste blog, que quero partilhar em primeira mão as boas notícias com que começo a semana: a partir de quarta, dia 1 de Julho, vou passar a escrever uma coluna diária no jornal i. Estou radiante com este novo desafio e espero estar à altura. Embora tenha o treino da escrita diária no blog há mais de um ano, sei que assinar uma crónica diária num jornal inovador e recém-criado, é um privilégio enorme. Pelo menos é assim que encaro este novo ciclo que ainda mal começou e já está a ser muito estimulante. A minha coluna vai ter o título "Visto de Dentro" por vir na página 4, ao lado de uma coluna diária escrita por cronistas e especialistas internacionais que tem como título "Visto de Fora". A ideia das minhas crónicas é acompanhar as notícias do dia-a-dia e ensaiar uma escrita que me permita calibrar a actualidade com alguma interioridade. Não se trata de escrever crónicas intimistas e, muito menos de um diário. É apenas mais um olhar sobre o quotidiano, seja através da política e dos políticos, das coisas e das causas, dos acontecimentos e das circunstâncias ou, ainda, das lutas onde sempre há vencedores e vencidos. Confesso que me entusiasma muito esta nova escrita, neste novo jornal.
P.S.: Tal como terão reparado os mais atentos, o jornal i esteve muito presente neste blog nos últimos dias. Esta proximidade justifica-se na lógica do meu envolvimento com o projecto. Na semana passada ainda não podia anunciar as minhas boas notícias mas agora já posso. Há mais boas notícias para mim mas depois conto. Quando for o tempo certo, que será muito em breve.
Eis o registo de uma breve entrevista que fiz a Nassim Taleb depois da sua conferência. Provocador, este americano de origem libanesa, disse publicamente que não devemos ler jornais, nem ver notícias, nem ir ao cinema. Taleb aconselha as pessoas a irem a festas, muitas festas. Perguntei-lhe porquê e ele esclareceu que as festas expõem a boas vibrações, multiplicam a possibilidade de novos encontros e novas ideias mas também maximizam os acasos do destino. Para ilustrar a sua lógica classificou a conferência desta manhã como uma festa.
Biz Stone, o fundador do Twitter diz que twitta 2 ou 3 vezes por dia mas desde que chegou a Lisboa está farto de escrever porque acha tudo fascinante nesta cidade. Percebo-o. Também acho muita coisa muito boa em Lisboa. Quando a entrevista estava a terminar Nassim taleb aproximou-se e perguntou se eu podia gravar o que ele queria dizer. Estava a gravar e por isso a conversa segue informalmente. Taleb diz que esta manhã twittou sobre o Irão e deu 'de caras' com o próprio Biz no Twitter. Ficou dito e selado com um aperto de mãos exclusivo para o blog. Boa!
Parabéns ao Martim Avillez Figueiredo, director do jornal i e publisher do grupo Sojormedia Capital, pela iniciativa deste forum e de trazer a Lisboa Nassim Taleb e Biz Stone.
Estes são alguns dos cozinheiros do Corte Inglés do Porto.
Estavam sentados em linha enquanto eu distribuia revistas
e perguntei-lhes se me podia sentar entre eles.Claro! Gosto
desta familiaridade com que me recebem nas ruas e praças.
Nesta imagem o Leonel de Castro, fotógrafo do JN, fotografa
para a reportagem que Tiago Rodrigues Alves publicou hoje.
Eis a perspectiva do fotógrafo profissional impressa no JN.
Fixei o nome de cada um destes cozinheiros e passo a
citar, começando pelo que está à direita na minha imagem.
Dimitri, Manuel, Ronaldo, André e Berto conversaram comigo
sobre o trabalho que fazem nas cozinhas do grande espaço
comercial onde comem diariamente milhares de pessoas e
fiquei com uma noção mais exacta do que é ter que cozinhar
numa escala gigante durante todos os dias e parte das noites.
Uma máquina profissional pousada no chão, a anunciar a chegada
de uma pequena equipa de profissionais de televisão a esta casa.
Acontece com alguma frequência e faz parte do dia-a-dia de quem,
como eu, trabalhou uma vida inteira nos Media. Desta vez tratou-se
de gravar uma pequena entrevista sobre livros de cabeceira para a
TVI. Filipe Mendonça, o autor do programa, e João, o cameraman,
correram os cantos à procura dos melhores ângulos e melhor luz.
É sempre divertido ver uma equipa de televisão em acção. Eu
própria vou conferindo mentalmente os passos dos outros em
busca de uma maior amplitude e profundidade de campo. Dou
comigo a ter algumas saudades de fazer entrevistas mas sei
que nunca deixarei de as fazer, seja para televisão ou para o blog.
Desta vez a matéria em questão eram os livros de cabeceira.
Filipe Mendonça tem uma rubrica semanal na TVI que passa
ao fim da noite (julgo que por volta das 0h45m) todas as terças,
em que entrevista uma figura pública sobre os livros que está a
ler, ou tem à cabeceira. A entrevista passa esta noite e os livros
de que falei são aqueles que tenho realmente à cabeceira há
anos: uma biografia de Marguerite Yourcenar e As Memórias de
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