O MAIOR PRESENTE DA VIDA? Poder ter os meus pais a morar comigo naquele que é seguramente o último ciclo da vida deles, e podermos todos fazer esta escolha com liberdade e sem aflições. Ou seja, sem ser em estado de emergência, estando eles ainda com saúde e muita autonomia. Não concebo maior dádiva do que esta, e sei que muitos filhos gostariam de poder fazer o mesmo com os seus pais, em vez de os visitarem à pressa na vertigem dos dias ou, pior, de os irem ver ao hospital ou a um lar de onde é impossível não sairmos sempre meio desolados. Confesso que o testemunho que os meus próprios pais deram, quando trouxeram os meus avós para nossa casa, me marcou para o resto da vida. A minha querida-adorada avó Laurinda morreu na sua cama, no seu quarto, em nossa casa, rodeada por toda a família alargada e numerosa. Não consigo imaginar uma morte mais tranquila. Deus queira que este nosso ciclo familiar ainda seja longo e feliz, mas há muitos anos que sonhava com isto. Comove-me a realização deste sonho e se há pais que merecem este suplemento de alegria e ternura, são pais como os meus. E há muitos como eles, felizmente. Amanhã, depois e depois estamos em mudanças. Muito cansativo, mas muito bom.
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