Perguntei uma vez ao padre Tolentino de Mendonça, poeta, escritor e tradutor de poetas mais ou menos errantes, se me podia dar orações para o caminho. Ele disse que sim. Mandou-me textos maravilhosos, orações simples, escritos profundos que dão outra inspiração aos dias e mais sentido às noites escuras.
Palavras para dizer nas manhãs claras, repetir nas horas de dúvida e nos momentos de exaltação. Preces para rezar nos tempos de incerteza e nas travessias dos desertos mas também nos instantes em que a vida se torna um imenso devaneio de luz sobre o azul.
Agora que o mar resplandece e tudo brilha à minha volta, lembro-me da oração que pede o discernimento e sublinha a evidência.
Ajuda-me Senhor a receber cada dia como um dom.
Ajuda-me a reconhecer que nada me falta, que Tu me deste tudo aquilo que é necessário para fazer da vida uma coisa feliz e com sentido.
Mesmo que me falte o universo inteiro, nada verdadeiramente me falta.
Mesmo que eu espere muito do amanhã, devo saber que tenho tudo hoje.
Ajuda-me a limpar o olhar, poluído e agravado por juízos, consumos e ressentimentos.
Que eu saiba acolher a vida como a oportunidade que ela é.
Se acontecer o meu coração andar ferido, recorda-me Senhor aquele santo que dizia:
“Nenhum coração é tão inteiro como um coração ferido”.